Grant Lawrence Wheatley, de 40 anos, Samantha Jo Naylor, de 39, e Daniel Pickeiring, de 31, relataram ter sido assaltados no Rio de Janeiro. Embora um dos roubos tenha sido confirmado pela polícia brasileira, os depoimentos dos três tripulantes da British Airways serão mentira.
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O caso remonta à madrugada de 5 de setembro deste ano, dia em que a British Airways adiou o voo BA-248, entre os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e Heathrow, Londres. A companhia aérea, em resposta ao portal de notícias brasileiro "G1", relatou que o caso "é um assunto para a polícia" e que o trio não estava incluído na escala para o voo que foi cancelado, apesar de as notícias do dia darem conta disso. No entanto, a empresa não explica o motivo do cancelamento, que obrigou a viagem do Rio para Londres a ser adiada 24 horas.
Os tripulantes relatam ter sido assaltados na madrugada de 5 de setembro, no Rio de Janeiro. As autoridades descobriram, no entanto, que os funcionários da British Airway mentiram nos depoimentos para não serem punidos pela empresa. Agora, podem responder por falsa comunicação de crime.
"A investigação demonstra que eles não contaram a verdade. Não contaram o que de facto aconteceu naquela madrugada. Eles criaram histórias para tentar justificar provavelmente o comportamento inadequado, fora das regras da empresa. Mas apuramos que houve um roubo de um telemóvel da dupla que estava em Vaz Lobo”, indicou a delegada-assistente da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Danielle Bullus, citada pelo "G1".
Os três tripulantes relataram que chegaram a Pedra do Sal, zona para onde foram beber um copo, por volta da meia noite, dia 5 de setembro. A "dupla" referida pela polícia é Samantha Naylor e Daniel Pickeiring, que se terão separado de Grant Wheatley a meio da noite.
Daniel e Samantha contaram às autoridades que, no fim da noite, pediram um táxi em direção à Barra, local onde estavam hospedados. No entanto, acabaram por ser levados para uma bomba de gasolina desativada em Vaz Lobo, onde foram assaltados por 3 homens que os seguiram desde a Pedra do Sal, ficando sem os dois telemóveis da empresa e alguns pertences.
Depois, Samantha relata que tinha ainda consigo um telemóvel pessoal e que o utilizou para chamar um táxi. Na viagem de regresso para o hotel, a dupla contou que tinha sido novamente assaltada, desta vez por um homem numa mota, e o último telemóvel foi roubado. Depois, depararam-se com um veículo da Polícia Militar, a quem pediram ajuda.
Já Grant contou às autoridades que estava a beber um copo na Pedra do Sal quando conheceu uma mulher. Após alguns minutos de conversa, relata que foi ao quarto de banho e, na fila para entrar, deu alguns goles de uma bebida. A partir daí, disse à polícia que não se lembra de mais nada, sugerindo que foi drogado. Apenas se recorda de ter acordado no meio da rua.
Depoimentos dos tripulantes são falsos
No caso do depoimento de Samantha e Daniel, a polícia conseguiu apurar, através de câmaras de vigilância, que a noite terá mesmo começado na zona de Pedra do Sal. No entanto, o resto da história não aconteceu exatamente como os dois tripulantes a contaram.
Já sem Grant, os dois colegas foram vistos a sentar-se numa mesa durante cerca de 40 minutos a beber com um outro homem, que os convida para a tal bomba de gasolina em Vaz Lobo. Após aceitarem o convite e seguirem para o posto, continuaram a beber, segundo uma testemunha, "durante várias horas". Apenas um dos telemóveis terá sido, de facto, roubado, de acordo com a investigação das autoridades.
Quanto ao depoimento do terceiro membro da tripulação da companhia britânica, a polícia apurou que Grant se separou dos restantes dois ainda em Pedra do Sal e seguiu para o bairro Complexo do Alemão. Lá, terá consumido drogas e e álcool suficiente a ponto de ficar inanimado no meio da rua.
Alguns trabalhadores que se encontravam na rua encontraram o britânico desmaiado no dia seguinte e chamaram uma ambulância. Enquanto chegava o meio de socorro, aperceberam-se de que Grant teria consigo um pó branco que a polícia identificou mais tarde como sendo cocaína. O tripulante foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho. No local, contou que não conhecia o bairro e que passou a noite a beber e a consumir droga com mais duas mulheres.
“O que me choca é como é que uma tripulação que tem uma função tão importante passa a noite inteira a beber e a usar drogas, sabendo que no dia seguinte teria a responsabilidade de cuidar de dezenas de pessoas que viajariam por horas”, admite Patrícia Alemany, da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo, em declarações ao site brasileiro.