Os passageiros do Titan aperceberam-se que havia uma falha no submersível antes da implosão, garantiu Rob McCallum, co-fundador da "Eyos Expeditions" e organizador de duas viagens até ao Titanic.
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Numa entrevista ao “The New Yorker”, McCallum disse que os "tripulantes do Titan souberam do problema antes da implosão" porque a tripulação começou a “soltar pesos” a meio da viagem, o que sugere que os passageiros se tinham apercebido de alguma falha e tentaram abortar a expedição. No entanto, foi demasiado tarde. Em poucos minutos, o submersível implodiu.
Especialistas alertaram que Titan não era seguro
Criado à semelhança de um submersível protejado para atingir uma profundidade de 500 metros, o Titan, da "OceanGate", despertou desde cedo a preocupação dos especialistas, que alertaram, várias vezes, o diretor da empresa para o perigo das viagens ao Titanic.
Segundo McCallum, o submersível que implodiu no mês passado foi construído com base no primeiro modelo apresentado pela empresa, o Cyclops I. O grande problema desta semelhança é que o Cyclops I foi projetado para atingir uma profundidade de apenas 500 metros, sendo que o Titan deveria alcançar, no mínimo, os quatro mil, de forma a conseguir chegar ao Titanic.
Na altura em que o Cyclops II - agora conhecido como Titan - estava a ser construído, Stockton Rush pediu a McCallum que liderasse a expedição até ao Titanic, como já havia feito anteriormente. “McCallum (…), eventualmente, visitou a oficina, nos arredores de Seattle, onde examinou o Cyclops I. Ficou perturbado com o que viu”, revelou o “The New Yorker”, com base na entrevista feita a McCallum.
O co-fundador da "Eyos Expeditions" declarou que, nem a equipa da "OceanGate" nem o submersível estavam prontos para fazer a viagem. Entretanto, afastou-se do projeto quando percebeu que Rush não estava interessado em ouvir as opiniões dos especialistas, que várias vezes o alertaram que aquele submersível era "um acidente prestes a acontecer".
David Lochridge, piloto da "OceanGate", deixou a empresa em 2018, depois de ter feito um relatório detalhado sobre os principais problemas do Titan. McCallum e Lochridge uniram-se na tentativa de impedir que o projeto avançasse. Ambos apresentaram queixas à OSHA (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho) e à própria "OceanGate". Contudo, os esforços dos dois especialistas não surtiram efeito e, em 2021, Rush “começou finalmente a mergulhar até ao Titanic”.
A única diferença entre 2018 – ano em que surgiram as queixas contra a empresa – e 2021, é que, agora, Stockton Rush já admitia a existência de falhas no submersível. Para além disso, os passageiros eram informados de que o veículo era "experimental e não classificado”, relata o “The New Yorker”.