O trono da monarquia holandesa (Países Baixos) vai estar, pela primeira vez, em exibição numa exposição sobre a casa real. O objetivo é aproximar o regime do povo, num momento em que a popularidade do rei está em queda.
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Desde o século XIII, que o trono não saía das instalações do castelo de Ridderzaal, em Haia, a principal residência do rei. Até março, a cadeira de veludo vermelho vai ser a “cereja no topo do bolo” da exposição “Poder do Trono”, no palácio de Het Loo, um museu que em tempos foi usado como retiro pela família real, avança o diário britânico “The Guardian”.
O rei dos Países Baixos é Willem-Alexander, que usa a mais recente versão do trono uma vez por ano, durante o discurso de abertura do parlamento. Um momento que “faz parte do teatro de poder na Holanda”, segundo a responsável pela investigação e coleção do palácio onde vai decorrer a exposição, Annette de Vries, citada pelo mesmo jornal.
“Não é um objeto que pertença a um museu, mas, pela ocasião, e também pela relevância desta exposição, decidiram que era uma boa ideia”, explica a responsável pela exposição. A peça foi desenhada pelo arquiteto Pierre Cuypers, em 1904, responsável também pelo Museu Rijks e pela estação central de Amesterdão
O trono ocupado pelo rei Willem-Alexander vai estar ao lado de uma réplica de trono da série “Guerra dos Tronos” e um trono do império Ashanti, onde atualmente fica o Gana.
Tentativa de mudar a opinião do povo em relação à monarquia?
Em 2020, em plena pandemia, a família real esteve envolvida numa polémica porque o rei esteve de férias para a Grécia, numa altura em que os cidadãos eram aconselhados a viajar o menos possível. Tal poderá ter levado à diminuição do índice de confiança no rei, de acordo com o “The Guardian”. Em 2020, uma sondagem anual dizia que 76% confiava no rei, valor que caiu para 47% em 2022 e o nível de apoio ao regime sofreu uma queda de 55%.
A abolição da monarquia vai estar em discussão nas eleições de novembro, uma vez que o partido Groenlinks e o Partido Trabalhista incluíram o fim do regime no seu programa.
Annette de Vrie considera que a casa real “se está a abrir mais”, mas ressalva que o palácio de Het Loo é “um museu estatal independente” e que não existe para “ser a favor ou contra” a monarquia. O trabalho do museu é , na perspetiva da especialista, contar a história da casa de Orange durante 500 anos e a sua ligação com a história dos Países Baixos.