Líder norte-americano disse, esta segunda-feira, que ucranianos receberão equipamento militar através da NATO. Em conjunto com tarifas de 100% a parceiros comerciais da Rússia, Donald Trump espera, desta forma, pressionar Vladimir Putin.
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O presidente dos Estados Unidos definiu um prazo de 50 dias para ter um acordo com a Rússia em relação ao conflito na Ucrânia. Donald Trump ameaçou os parceiros comerciais de Moscovo com taxas alfandegárias de 100%, ao mesmo tempo que demonstrou uma incomum satisfação com a NATO e a Europa, uma vez que os aliados deverão comprar armas norte-americanas para enviar para Kiev.
No aguardado “grande anúncio” pelo líder da Casa Branca, Trump expressou estar “muito, muito infeliz” com o homólogo russo, Vladimir Putin. Mesmo que as conversas sejam “sempre muito agradáveis”, logo em seguida “os mísseis explodem” de noite. Na visão do republicano, o chefe de Estado do Kremlin “sabe o que é um acordo justo”.
“Vamos aplicar tarifas muito severas se não chegarmos a acordo em 50 dias, tarifas de cerca de 100%”, afirmou o presidente dos EUA na Sala Oval, ao lado do secretário-geral da NATO, Mark Rutte. Trump especificou que esta percentagem seria para os parceiros comerciais da Rússia, uma vez que muitos países, incluindo do Ocidente, cortaram laços financeiros com os russos, mas continuam a importar o seu petróleo. Desta forma, Washington tenta atingir a economia de uma nação já adaptada às sanções dos EUA e da Europa – Bruxelas queixou-se, inclusive, do “prazo demasiado longo”.
Europeus comprarão dos EUA
A outra medida que Trump e Rutte esperam que forçará Putin a negociar é a compra de armamento dos EUA por parte dos estados-membros da Aliança Atlântica, principalmente os europeus, e a entrega deste material para a Ucrânia. “Isto representa milhares de milhões de dólares em equipamento militar que será comprado aos Estados Unidos, destinado à NATO... e que será rapidamente distribuído para o campo de batalha”, sublinhou o chefe de Estado.
Kiev, que já sabe que vai receber pelo menos 17 sistemas de mísseis terra-ar Patriot, vai obter “números massivos de equipamento militar”, pontuou o secretário-geral da NATO, que salientou que “a velocidade é essencial aqui”. Rutte citou Alemanha, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Reino Unido e Suécia como exemplo de países compradores.
Voraz crítico do Velho Continente, Trump amenizou o tom com os europeus e elogiou o aumento dos gastos no setor de Defesa. “O espírito que eles têm é incrível”, disse o magnata. “No final do dia, ter uma Europa muito forte é algo bom”, argumentou o líder do país cujas empresas lucrarão com as vendas.
Ao ser perguntado sobre as medidas de Trump, o secretário-geral das Nações Unidas reforçou a “necessidade absoluta” de um cessar-fogo e de uma solução política com base na Carta da ONU. “Tudo o que possa contribuir para estes objetivos será, naturalmente, importante, desde que seja feito em conformidade com o Direito Internacional”, frisou António Guterres.
Kremlin disposto a negociar
Antes das declarações na Sala Oval, o porta-voz do Kremlin indicou que Moscovo estava pronta para negociar. “Kiev está claramente a levar o seu tempo. Ainda aguardamos propostas sobre os cronogramas. A Rússia está disposta a continuar e a realizar uma terceira ronda [de negociações]”, esclareceu Dmitry Peskov, citado pela agência estatal russa TASS.