O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou oficialmente, esta quarta-feira à tarde, a pretensão de transferir a embaixada norte-americana em Israel de Telavive para Jerusalém.
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"Determinei que é tempo de reconhecer oficialmente Jerusalém como capital de Israel", afirmou o chefe de Estado norte-americano, num discurso marcado para as 13 horas locais desta quarta-feira (18 horas em Portugal continental).
"O dia de hoje marca o início de uma nova abordagem entre Israel e os palestinianos", continuou, anunciando, como já era esperado, que vai dar ordens ao Departamento de Estado para mudar a embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém.
Num discurso em que apelou à "calma", "moderação" e "tolerância", o presidente dos EUA disse que continua a defender uma "solução pacífica" entre Palestina e Israel.
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Trump anunciou ainda que o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, viajará para Israel dentro de dias.
Ao dar este passo, os Estados Unidos transformam-se no único país do mundo a reconhecer uma pretensão antiga de Israel, ter Jerusalém como capital. A comunidade internacional nunca o legitimou, sendo que todas as embaixadas estão localizadas em Telavive, a capital israelita.
A notícia sobre a intenção de mudar a embaixada dos EUA foi avançada na terça-feira, depois de Donald Trump ter manifestado a vontade ao presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, ao rei da Jordânia, Abdullah II, e ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Pouco antes do discurso desta tarde, Trump considerou que o anúncio da mudança "há muito que já deveria ter sido feito".
"Muitos presidentes disseram que iam fazer qualquer coisa e não fizeram nada", acrescentou o chefe de Estado norte-americano, numa referência à intenção manifestada por vários dos seus antecessores de mudar a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, a "Cidade Santa" para cristãos, judeus e muçulmanos.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou o anúncio dos EUA "um passo importante para a paz". Netanyahu considerou ser "um dia histórico", prometendo também manter o 'status quo' nos locais santos de Jerusalém.
O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, afirmou esta quarta-feira que os EUA deixaram de poder desempenhar o seu papel histórico de intermediário nas negociações de paz com os palestinianos, depois de Donald Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A Organização de Libertação da Palestina (OLP) considerou que a declaração do Presidente dos EUA Donald Trump sobre Jerusalém "destrói" a solução de dois Estados, numa primeira reação ao seu discurso na Casa Branca.
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da OLP Saëb Erakat disse que a decisão de Trump em reconhecer Jerusalém como capital de Israel "destrói" a designada solução de dois Estados.
"Trump desqualificou os Estados Unidos de qualquer desempenho em qualquer processo de paz", acrescentou o dirigente palestiniano.
De visita à Argélia, o Presidente francês Emmanuel Macron qualificou por sua vez de "lamentável" a decisão de Trump e apelou a "evitar a qualquer preço as violências".
De decurso de uma conferência de imprensa em Argel, Macron sublinhou "o compromisso da França e da Europa à solução de dois Estados, Israel e Palestina convivendo lado a lado em paz e em segurança nas fronteiras internacionalmente reconhecidas com Jerusalém como capital dos dois Estados".
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, classificou esta quarta-feira como "irresponsável" o reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel e a mudança para essa cidade da sua embaixada em Telavive.
"Recebemos com grande preocupação o anúncio irresponsável do Governo norte-americano de que reconhece Jerusalém como capital de Israel e transferirá a sua embaixada em Israel para Jerusalém, e condenamo-lo", escreveu o MNE na sua conta da rede social Twitter.
"Esta decisão é uma clara violação do direito internacional e das decisões das Nações Unidas sobre o assunto", acrescentou na mensagem difundida em turco e em inglês.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, manifestou a "séria preocupação" do bloco comunitário quanto à decisão de Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. "A União Europeia exprime a sua séria preocupação quanto ao anúncio, hoje, do Presidente dos Estados Unidos sobre Jerusalém e quanto às repercussões que este pode ter sobre a perspetiva de paz" na região, afirmou Mogherini, Alta Representante da UE para a Política Externa e Segurança, num comunicado.