O ex-presidente norte-americano Donald Trump vai comparecer, na terça-feira, no tribunal federal de Miami, na Flórida, para ser acusado de pelo menos sete crimes de retenção ilegal de centenas de documentos classificados, em violação da Lei da Espionagem, falso testemunho, conspiração e obstrução à Justiça, que poderão levá-lo à prisão.
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Trump, que corre para ser o nomeado do Partido Republicano às presidenciais do próximo ano, é o primeiro ex-chefe de Estado a ser demandado por crimes federais. Foi o próprio a dar a notícia na sua conta pessoal da rede social que criou - a Truth Social -, reclamando-se novamente inocente.
"Nunca pensei que fosse possível acontecer algo assim a um ex-presidente dos Estados Unidos", escreveu, classificando o facto como "um dia sombrio do país" e insistindo na retórica habitual: "Somos um país em grave e rápido declínio, mas, juntos, faremos com que os Estados Unidos voltem a ser grandes!".
Numa investigação conduzida pelo procurador especial Jack Smith, Trump foi forçado, no ano passado, a entregar 15 caixas com 200 documentos classificados, que guardava na sua residência de Mar-a-Lago, em Miami.
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Numa busca em agosto, a Polícia Federal (FBI) encontrou 11 mil documentos, numa caixaforte da mesma casa. Mais de 300 peças da Defesa Nacional estão classificadas como secretas, pelo que pode ser condenado até dez anos de prisão.
Além de impedir a posse privada de documentos secretos, a lei federal impõe aos presidentes dos EUA que entreguem aos Arquivos Nacionais toda a correspondência eletrónica, cartas e outros documentos de trabalho.
Trump, que também arrisca 20 anos de prisão por obstrução à justiça, diz acreditar que o que fez é correto e até ter direito a manter os documentos que ele próprio tinha "desclassificado unilateralmente sem passar por qualquer processo formal".
Outras investigações
Segundo uma gravação divulgada pela CNN, o já ex-presidente gabou-se, numa conversa, em 2021, na sua residência de Bedminster, New Jersey, de possuir informação militar "secreta" e "extremamente confidencial".
Para Trump, esta "farsa das caixas" constitui uma interferência eleitoral do Departamento de Justiça do "corrupto Governo Biden". Num vídeo, sustenta: "Eles estão a vir atrás de mim porque agora lideramos as sondagens com uma ampla margem contra Biden".
O ex-presidente também está indiciado por suborno de uma atriz de filmes pornográficos e é investigado por falsificação de registos comerciais para financiamento secreto das suas campanhas, tentativa de anulação dos resultados eleitorais na Geórgia e implicação no assalto ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
A notícia da acusação ocorre quando cresce a competição pela nomeação republicana com o governador da Flórida, Ron DeSantis, do governador do Dakota do Norte, Doug Burgum, do senador da Carolina do Sul, Tim Scott, e, desde quarta-feira, o seu o ex-vice-presidente, Mike Pence.