O presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu este sábado leis mais duras contra a difamação para evitar que se publiquem livros com afirmações "falsas", como o que foi lançado esta semana por um jornalista sobre a sua turbulenta administração.
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"As leis de difamação neste país são muito débeis. Se fossem mais fortes, seria muito útil. Não teríamos coisas como esta, em que podes dizer o que te vier à cabeça", afirmou Trump, numa conferência de imprensa no retiro presidencial de Camp David (Maryland).
Ladeado por congressistas republicanos e membros do seu gabinete, Trump criticou o livro do jornalista Michael Wolff "Fire and Fury: Inside the Trump White House" (Fogo e Fúria: Dentro da Casa Branca de Trump), que foi publicado esta sexta-feira, desencadeando uma crise política em Washington.
"Muitos dos meios a que chamamos notícias falsas saíram em defesa desta grande administração e inclusivamente de mim, porque conhecem o autor e sabem que é uma fraude", disse, em referência às críticas negativas que esta obra mereceu.
"É um trabalho de ficção. É uma desonra que alguém possa fazer algo como isto. Nunca me reuni com ele, nunca esteve na Sala Oval, só fiz uma entrevista há muito tempo, não o conheço. O trapalhão do Steve [Bannon, seu antigo assessor] meteu-o muito na Casa Branca e por isso agora está à procura de emprego", acrescentou.
Estas palavras somam-se ao historial de insultos que Trump lançou esta semana contra Wolff e contra o seu antigo estratega Bannon, que é citado no livro como tendo criticado o primogénito do Presidente, Donald Jr., pela sua reunião em 2016 com uma advogada russa.
O livro também avivou o debate sobre a saúde mental de Trump e a sua capacidade para estar à frente da Casa Branca, o que levou o chefe de Estado norte-americano a definir-se como um "génio muito estável".
O livro, lançado esta sexta-feira, alcançou o topo da lista de vendas da Amazon no próprio dia.
Através de muitos testemunhos, na maioria anónimos e classificados pelo Presidente como fantasiosos, o autor do livro descreve um executivo disfuncional e um chefe de Estado alérgico à leitura, muitas vezes fechado nos seus aposentos a partir das 18:30, com os olhos cravados nos seus três ecrãs de televisão, multiplicando os telefonemas para um pequeno grupo de amigos, sobre quem verte "um dilúvio de recriminações" que vão desde a desonestidade da imprensa à falta de lealdade da sua equipa.
Todo o seu gabinete, segundo o autor, se interroga sobre a sua capacidade para governar.
"Dizem que ele é como uma criança. O que querem dizer é que ele precisa de ver imediatamente satisfeitos os seus pedidos. Tudo gira em torno dele", afirmou Michael Wolff.