O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve falar, esta sexta-feira, com o homólogo chinês, Xi Jinping, numa tentativa de finalizar um acordo que permita à rede social TikTok continuar a operar em território norte-americano.
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A chamada pode também dar pistas sobre um eventual encontro presencial entre os dois líderes, destinado a alcançar um entendimento para pôr fim à guerra comercial e clarificar o rumo das relações entre as maiores economias mundiais.
Trata-se do segundo diálogo com Xi desde o regresso de Trump à Casa Branca e da imposição de tarifas alfandegárias elevadas à China, que desencadearam medidas retaliatórias de Pequim e deterioraram as relações bilaterais.
Ainda assim, o Presidente norte-americano tem manifestado abertura para negociar, nomeadamente sobre o futuro do TikTok, que enfrenta um veto nos EUA caso a tecnológica chinesa ByteDance não venda a participação maioritária.
"Vou falar com o Presidente Xi na sexta-feira sobre o TikTok e também sobre comércio. Estamos muito perto de alcançar acordos em tudo isso", disse Trump, na quinta-feira, assegurando que a relação com a China é "muito boa".
Segundo o jornal britânico Financial Times, Pequim e Washington alcançaram esta semana, em Madrid, um entendimento de princípio sobre a estrutura acionista do TikTok, cabendo a Trump e Xi a tarefa de fechar o acordo.
Trump prorrogou várias vezes o prazo para a venda da aplicação, exigida pela lei aprovada em 2024, que visava responder a preocupações de segurança nacional e privacidade dos dados.
O líder norte-americano reiterou que o TikTok "tem um valor tremendo" e que esse valor "está nas mãos dos Estados Unidos, porque somos nós que temos de aprovar".
Washington aponta para os laços da ByteDance à China e para a legislação que obriga empresas chinesas a entregarem dados ao Governo, bem como para a importância do algoritmo da plataforma.
Pequim garantiu esta semana que foi alcançado um consenso sobre direitos de propriedade intelectual, incluindo o algoritmo, e sobre a gestão de dados de utilizadores norte-americanos por um parceiro designado.
A chamada deverá ainda abordar outras questões comerciais, após quatro rondas de negociações entre maio e setembro.
Apesar da suspensão de tarifas adicionais e de alguns controlos às exportações, permanecem divergências sobre restrições tecnológicas, compras agrícolas e a exportação de produtos químicos utilizados na produção do opiáceo fentanil.
A guerra comercial no segundo mandato de Trump já custou aos agricultores norte-americanos um dos seus principais mercados. Entre janeiro e julho, as exportações agrícolas dos EUA para a China caíram 53% face ao mesmo período de 2024, com alguns produtos mais afetados, como o sorgo (menos 97%).
"Há ainda tempo. É encorajador que os dois países continuem a conversar", afirmou o presidente da Associação Americana da Soja, Josh Gackle, recordando que Pequim suspendeu as compras da nova colheita de soja norte-americana, o principal produto agrícola exportado para a China.