Trump inflacionou fortuna em 2,2 mil milhões de dólares num ano, acusa Procuradoria
O Gabinete da procuradora-geral de Nova Iorque divulgou, na quarta-feira, que Donald Trump declarou valores superestimados da sua fortuna entre os anos de 2011 e 2021, com uma diferença que chegou aos 2,2 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros) em 2014.
Corpo do artigo
Durante o período de uma década, o ex-presidente norte-americano terá inflacionado o valor entre 17% e 39% por ano, com uma discrepância a mais que variou entre 812 milhões (747 milhões de euros) e 2,2 mil milhões de dólares. A maior diferença ocorreu em 2014, quando Trump declarou ter ativos de 6,7 mil milhões de dólares (6,1 mil milhões de euros).
"O património líquido de Trump em qualquer ano entre 2011 e 2021 não seria superior a 2,6 mil milhões de dólares [2,4 mil milhões de euros], em vez do património líquido declarado de até 6,1 mil milhões de dólares [5,6 mil milhões de euros], e é provável que seja consideravelmente menor se as suas propriedades realmente passassem por avaliações profissionais completas", lê-se no documento do Gabinete da Procuradoria, citado pelo jornal britânico "The Guardian". O magnata terá beneficiado de empréstimos e propostas de seguro mais favoráveis devido à fraude.
Um exemplo apresentado foi o da mansão de Mar-a-Lago, na Florida – avaliada por Trump "como se pudesse ser vendida como uma residência privada para uma única família por valores que variam entre 347 milhões e 739 milhões de dólares [319 milhões a 680 milhões de euros]". Segundo o documento da Procuradoria, citado pela "ABC News", o balanço financeiro não esclareceu as limitações de construção que a propriedade possuía. A avaliação feita pelo condado de Palm Beach estimou, no entanto, um valor de mercado para a categoria de clube social entre 18 milhões e 27 milhões de dólares [16 milhões a 25 milhões de euros].
Letitia James, procuradora-geral de Nova Iorque, quer que os arguidos no processo civil – o antigo chefe de Estado, os seus dois filhos e a própria Organização Trump – paguem uma multa de 250 milhões de dólares (230 milhões de euros) e fiquem limitados de realizar negócios no estado. Na moção apresentada ao juiz Arthur Engoron, James pede um julgamento sumário parcial contra o ex-presidente, referindo a "montanha de provas incontestáveis".
A ação, que decorre no Supremo Tribunal de Nova Iorque, foi instalada no ano passado e tem o julgamento agendado para o dia 2 de outubro. Trump não será obrigado a comparecer, podendo testemunhar para defender-se, de acordo com a CNN.
O que Trump disse
Num recém-divulgado depoimento que o magnata prestou sobre o caso, reproduzido pelo mesmo canal de notícias, o antigo chefe de Estado argumentou que os relatórios financeiros da corporação tinham uma "cláusula inútil" que alertavam aos credores que estes balanços não eram confiáveis e que o próprio teve "muito pouco ou nenhum" envolvimento na elaboração destes. Nas declarações feitas diante da procuradora-geral, em abril, Trump responsabilizou o ex-diretor financeiro, Allen Weisselberg, e outros funcionários de terem colocado os números presentes nos documentos.
Os advogados do ex-presidente pedem, na moção que apresentaram, que o caso seja arquivado por uma questão de prescrição – já que os empréstimos ocorreram há anos –, apelando a jurisprudência de uma decisão de um tribunal de recurso. “A divisão de recurso limitou agora o alcance da cruzada da Procuradoria-Geral de Nova Iorque contra o presidente Trump e a sua família", escreveram os causídicos do empresário, citados pelo "The New York Times".