
"Provavelmente já perceberam que as pessoas já não querem enviar drogas por mar e vamos começar a prendê-las também em terra", frisou Trump
Foto: Yuri Gripas/POOL/EPA
O presidente norte-americano, Donald Trump, alertou na quinta-feira que as Forças Armadas "vão começar muito em breve" a combater narcotraficantes venezuelanos por terra, considerando as operações militares no mar um sucesso.
Corpo do artigo
"Provavelmente já perceberam que as pessoas já não querem enviar drogas por mar, e vamos começar a prendê-las também em terra", frisou o republicano durante um discurso televisivo de Ação de Graças às Forças Armadas.
"A rota terrestre é mais fácil, mas isso vai começar muito em breve", garantiu, num momento de aumento das tensões entre Washington e Caracas.
O presidente, que não especificou o que envolveriam as operações em terra, destacou, a partir da Florida, os ataques nas Caraíbas e no Pacífico, onde as forças norte-americanas mataram mais de 80 pessoas ao destruir mais de 20 embarcações alegadamente ligadas ao narcotráfico, sobretudo da Venezuela, desde 1 de setembro.
O chefe de Estado justificou os bombardeamentos afirmando que os alegados narcotraficantes da Venezuela "estão a enviar o seu veneno para os Estados Unidos, onde matam milhares de pessoas por ano".
"Mas vamos cuidar da situação. Já estamos a fazer muito. Quase conseguimos conter o tráfico. Já interrompemos 85% do fluxo marítimo", indicou.
Sob o pretexto de combater o tráfico de droga e perseguir aqueles que rotula como narcoterroristas, os Estados Unidos mantêm um destacamento militar no mar das Caraíbas, recentemente reforçado com a chegada do seu maior porta-aviões, o USS Gerald R. Ford.
Trump já tinha insistido que ainda não decidiu bombardear infraestruturas na Venezuela nem atacar Maduro, com quem "poderia falar para salvar muitas vidas", como afirmou na terça-feira, uma conversa que seria "bem-vinda", segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab.
Maduro considera esta presença "uma ameaça" à sua destituição, pelo que ordenou que os membros da Força Aérea estejam "em alerta e prontos".
Na segunda-feira, o Departamento de Estado norte-americano classificou o chamado Cartel de Los Soles como grupo terrorista estrangeiro, que o Governo Trump afirma ser liderado por Maduro, juntamente com altas patentes das Forças Armadas e responsáveis do Governo venezuelano, embora Caracas tenha reagido afirmando tratar-se de "uma invenção".
A este cenário de tensões somou-se, no sábado passado, uma crise de ligações aéreas na Venezuela, devido ao cancelamento de voos internacionais, depois de Washington ter recomendado "extrema cautela" ao sobrevoar o território venezuelano e o sul das Caraíbas, por causa do que considera ser "uma situação potencialmente perigosa" na região.
Caracas revogou na quarta-feira as licenças de operação de companhias aéreas como a espanhola Iberia, a portuguesa TAP, a Turkish Airlines, as colombianas Avianca e Latam Colombia e a brasileira Gol, que suspenderam os seus voos para a capital venezuelana após o alerta norte-americano.
