O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou hoje, após reunir-se com o homólogo chinês, Xi Jinping, que reduzirá de 20% para 10% as tarifas sobre a China impostas devido ao fentanil, prometendo cooperação bilateral em vários domínios. No total, as tarifas sobre a importação de produtos chineses passa de 57% para 47%.
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Os presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping, concluíram hoje uma reunião bilateral de cerca de duas horas numa base aérea em Busan, no sul da Coreia do Sul, marcada por promessas de cooperação, gestos de distensão na guerra comercial e um acordo para novo encontro em 2026.
À saída da reunião, Trump afirmou que Washington e Pequim "vão trabalhar juntos" para pôr fim à guerra na Ucrânia. O líder norte-americano revelou ainda que não abordou a questão de Taiwan durante a conversa com Xi. "Não foi discutido", disse, cumprindo o que já havia antecipado na véspera, quando indicou que só abordaria o tema se fosse Xi a fazê-lo.
Trump anunciou que, na sequência da reunião, reduzirá de 20% para 10% as tarifas que impôs este ano à China em resposta ao seu papel no tráfico de fentanil. "Tivemos uma reunião incrível", declarou o republicano, a bordo do Air Force One, já no regresso a Washington. "Acredito que vão ajudar-nos com o fentanil", disse, referindo-se a compromissos assumidos por Pequim.
Ainda segundo Trump, foi alcançado um acordo para que a China retome a compra de soja norte-americana, suspensa desde maio no contexto da guerra comercial entre os dois países. A questão tem particular peso político para Trump, que conta com forte apoio no eleitorado rural dos EUA. O líder norte-americano adiantou que voltará a reunir-se com Xi Jinping em abril de 2026, desta vez em território chinês.
A reunião decorreu numa base militar adjacente ao aeroporto internacional de Busan e contou com a presença de vários altos responsáveis norte-americanos, entre os quais o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o representante comercial Jamieson Greer e o embaixador dos EUA em Pequim, David Perdue.
Trump e Xi saíram juntos do edifício onde decorreram as conversações, trocaram palavras à porta e despediram-se com um aperto de mão. Xi foi o primeiro a abandonar o local.
Na declaração inicial, Trump saudou o que classificou como um reencontro com "um amigo" e sublinhou que ambos tinham já concordado "com muitas coisas". Xi Jinping disse que "é normal que as duas principais economias do mundo tenham fricções de tempos a tempos", mas que China e os Estados Unidos "são plenamente capazes de prosperar juntas".
O presidente norte-americano declarou também que "já não há mais restrições às terras raras", referindo-se às medidas impostas por Pequim como retaliação às tarifas norte-americanas. A China é o principal fornecedor mundial destes metais essenciais para as indústrias tecnológica, militar e energética e confirmou a suspensão do bloqueio, durante o período de um ano.
Xi diz ter chegado a consensos com Trump
Xi Jinping afirmou ter alcançado consensos durante o encontro com o homólogo norte-americano, Donald Trump, e apelou à "finalização tão breve quanto possível" dos resultados das negociações.
"As equipas económicas e comerciais da China e dos Estados Unidos mantiveram discussões aprofundadas e alcançaram consensos sobre soluções para os problemas", declarou Xi, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
"As duas equipas devem agora aperfeiçoar e concluir os trabalhos de seguimento o mais rapidamente possível (...) e apresentar resultados concretos, de modo a tranquilizar as economias da China, dos Estados Unidos e do mundo", acrescentou.
O Governo chinês evitou confirmar a visita de Donald Trump à China em abril do próximo ano, depois de o líder norte-americano afirmar, na sequência da reunião com Xi Jinping, que ambos acordaram esse encontro. "O que posso dizer é que ambos os chefes de Estado acordaram manter intercâmbios regulares", afirmou hoje o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, durante uma conferência de imprensa em Pequim.
Guo indicou que Trump "espera visitar a China no início do próximo ano" e que "convidou o presidente chinês, Xi Jinping, a visitar os Estados Unidos em breve", sem avançar mais detalhes. De acordo com a prática habitual, as autoridades chinesas não costumam anunciar visitas de chefes de Estado estrangeiros - nem deslocações de líderes chineses ao exterior - até perto da respetiva realização.
Analista prudentes
O encontro entre os dois líderes decorreu à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), que começa oficialmente esta sexta-feira em Gyeongju, a cerca de 76 quilómetros de Busan.
Xi permanecerá na Coreia do Sul para participar no evento, enquanto Trump regressa já hoje a Washington.
Apesar do tom cordial da cimeira e de sinais de aproximação em áreas específicas, analistas alertam que as divergências estruturais entre Washington e Pequim se mantêm, sobretudo no que toca ao controlo de tecnologias sensíveis, à geopolítica da Ásia-Pacífico e à rivalidade pelo domínio económico global.
