O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump vai ter de depor sob juramento na próxima quarta-feira no âmbito de um processo apresentado por uma escritora que o acusou de a ter violado nos anos de 1990, foi hoje decidido.
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O juiz distrital norte-americano Lewis A. Kaplan rejeitou um pedido dos advogados do ex-chefe de Estado para que o depoimento fosse adiado.
A decisão judicial ocorre após a escritora E. Jean Carroll ter processado o ex-Presidente norte-americano em 2019, alegando que o republicano a violou nos provadores de uma loja em Nova Iorque, em 1995, e que depois mentiu sobre isso e manchou a reputação da colunista quando esta decidiu tornar a história pública.
Desde então, o processo ficou 'preso' numa questão técnica legal, sobre se Trump deveria enfrentar o processo como cidadão, ou se o governo dos EUA deveria intervir como réu, porque o magnata estava a desempenhar funções como chefe de Estado na altura, quando negou as acusações.
Alina Habba, advogada de Trump, escreveu num comunicado que espera "estabelecer nos autos que o caso é, e sempre foi, totalmente injusto".
Por seu lado, Roberta Kaplan, advogada de Carroll, manifestou estar satisfeita com a decisão, esperando apresentar novas reivindicações no próximo mês "e seguir em frente com o julgamento com toda a agilidade".
A equipa jurídica de Trump tentou por vários meios legais atrasar o processo e impedir que fosse interrogado pelos advogados da escritora, mas Kaplan disse que era o momento de seguir em frente, especialmente face à "idade avançada" de Carroll, de 78 anos, e do antigo chefe de Estado, de 76 anos.
Kaplan observou que a recolha de provas para que o processo fosse a julgamento foi praticamente concluída, exceto os depoimentos de Trump e Carroll.
O ex-Presidente "tentou repetidamente adiar a recolha de provas", acrescentou.
Como a alegada violação ocorreu há muito tempo, Carroll foi originalmente barrada a processar por agressão sexual e processou Trump por difamação, devido em grande parte aos comentários depreciativos que o republicano fez quando a colunista tornou pública a história.
Em setembro, um tribunal de apelações em Washington foi convidado a analisar se Donald Trump estava em funções enquanto presidente quando negou ter violado uma mulher e classificou a denunciante como alguém que não fazia o seu género.
No entanto, o 2.º Tribunal de Apelações do Circuito dos Estados Unidos disse numa decisão dividida que Trump era um funcionário federal quando comentou as alegações de Carroll.