Nova primeira-ministra aponta como vetores urgentes os impostos, a crise energética e a aposta no Serviço Nacional de Saúde. Boris Johnson e Liz Truss apresentam-se na terça-feira à rainha.
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É a terceira mulher a chegar ao número 10 de Downing Street, depois de Margaret Tatcher e Theresa May. Liz Truss, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros, foi anunciada esta segunda-feira, em Londres, líder do Partido Conservador britânico, após ter conquistado 57% dos votos no sufrágio interno dos "Tories", contra o ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak.
Com a vitória, antecipada em várias consultas de opinião, Truss torna-se a nova primeira-ministra britânica. Prometeu, no discurso de agradecimento, baixar impostos, dar apoio ao Serviço Nacional de Saúde britânico e, sobretudo, resolver o problema da crise energética, que se tem traduzido no aumento exponencial das faturas de eletricidade.
Tal como referiu Chris Mason, editor de Política na BBC News, a nova primeira-ministra não terá um "período de lua de mel" no seu mais recente cargo, devido à agenda preenchida com assuntos urgentes por resolver no país.
No discurso desta segunda-feira, no Queen Elizabeth II Centre, após ter sido eleita líder dos conservadores, a "Nova Dama de Ferro", como é já apelidada, garantiu ter um "plano ousado para reduzir os impostos e fazer crescer" a economia do país. Truss disse ainda que vai adotar novas medidas para ultrapassar a crise energética que tanto preocupa os britânicos, fomentada pelo crescimento desmedido dos preços da eletricidade.
"Irei apresentar medidas para combater a crise energética e aliviar as contas de energia das pessoas, mas também resolver os problemas a longo prazo que temos sobre o fornecimento de energia", assegurou a nova líder do Executivo.
De acordo com a BBC, Liz poderá anunciar o congelamento das contas de energia já na quinta-feira, como resposta a este problema.
Para além das promessas, Truss enalteceu o seu antecessor, mencionando algumas ações por este tomadas e dando como exemplo a concretização do "Brexit" (saída do Reino Unido da União Europeia).
"Boris, conseguiste concretizar o Brexit, esmagar [o antigo líder do Partido Trabalhista] Jeremy Corbyn, lançar a vacina e fazer frente a Vladimir Putin. És admirado de Kiev até Carlisle", atirou.
Boris Johnson apresenta esta terça-feira a demissão a Elizabeth II, no Castelo de Balmoral - de onde a rainha não consegue sair devido a problemas de saúde. Só depois, Liz Truss será empossada pela monarca enquanto 15.ª líder do Governo britânico nos 70 anos de reinado de Elizabeth II.
União em torno de Liz
Após a vitória da sua sucessora, Boris Johnson utilizou, na segunda-feira, a rede social Twitter para pedir ao Partido Conservador que se una num só em torno de Liz Truss. "Agora é a altura de todos os conservadores apoiarem-na a 100%", referiu o primeiro-ministro demissionário.
De acordo com Johnson, "Truss tem o plano certo para enfrentar a crise do custo de vida, unir o nosso partido e continuar o grande trabalho de unificação e nivelamento do nosso país".
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, assinalou a relação existente entre a União Europeia e o Reino Unido, pedindo respeito pelos acordos estabelecidos pelos dois blocos no pós-Brexit.
"A União Europeia e o Reino Unido são parceiros. Enfrentamos muitos desafios juntos, desde as alterações climáticas, até à invasão russa à Ucrânia. Anseio por uma relação construtiva, no pleno respeito pelos nossos acordos", escreveu no Twitter.
Olaf Scholz, chanceler alemão, felicitou a nova primeira-ministra, relembrando os laços entre os dois países. "Aguardo com expectativa a nossa cooperação nestes tempos difíceis. O Reino Unido e a Alemanha continuarão a trabalhar em estreita colaboração, como parceiros e amigos", referiu Scholz, na mesma rede social.