
Manifestantes bloquearam acessos ao aeroporto de Barcelona
Reuters
As imagens que nos chegam do aeroporto de Barcelona nos últimos dias podem não ter sido espontâneas. Por detrás dos bloqueios de estradas e ruas está um grupo intitulado "Tsunami Democrático", que apela a ações de desobediência civil, sem violência, a favor da independência da Catalunha. Conheça mais sobre este movimento.
Após a decisão do Supremo Tribunal espanhol, esta segunda-feira, da condenação de nove políticos a penas de prisão até 13 anos na tentativa de independência da Catalunha, os manifestantes voltaram-se novamente para as ruas. Os ânimos incendiaram em Barcelona com um bloqueio ao aeroporto da cidade e congestionamento de ruas e estradas da Catalunha. Por detrás de todas estas ações estará o grupo "Tsunami Democrático", criado em setembro deste ano.
Qual a primeira aparição pública do movimento?
A tecnologia trouxe a público o "Tsunami Democrático" através de um vídeo publicado a 2 de setembro deste ano nas redes sociais. Nas imagens é possível ver ações de protestos pró independentistas, que surgiram após a detenção de vários dirigentes da Catalunha, e também a imagem de uma panela com água a ferver.
No vídeo, com quase dois minutos de duração, o "Tsunami Democrático" apela a que as pessoas "participem" e "mudem o estado das coisas".
youtube.com/watch?v=2pVUVrB-Q5I
A primeira mensagem nas redes sociais é feita às 9.12 horas.
O que é que pretendem?
Através de contactos em aplicações como o Telegram (semelhante ao Whatsapp) e de uma aplicação própria, desenvolvida pelo movimento, o grupo planeia as ações de desobediência civil, sem recurso à violência, com vista a bloquear as principais artérias da Catalunha em protestos e ações de rua. Parte do descontentamento prende-se com a sentença dos líderes catalães e também o direito que reivindicam pela autodeterminação da região.
Através do site que disponibilizam na Internet, o grupo fornece vários documentos sobre como atuar perante uma detenção, situações de excesso e violência policial e restrições ao trânsito de veículo e pessoas na via pública. Todas as mensagens são encriptadas.
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Quem fundou e quem faz parte do "Tsunami"?
Os fundadores e membros do "Tsunami" permanecem anónimos. No entanto, a polícia espanhola está a investigar um possível envolvimento de Quim Torra, presidente do Governo regional da Catalunha, e Carles Puigdemont, o seu antecessor, agora exilado em Bruxelas. O grupo poderá ter nascido após uma reunião de vários dirigentes catalães em Genebra, na Suíça.
Após a primeira publicação deste movimento nas redes sociais, vários líderes independentistas partilharam o conteúdo nas suas redes sociais, mostrando assim o seu alinhamento com a causa.
O Ministério do Interior de Espanha estará agora a investigar quem faz parte do "Tsunami Democrático" e os serviços secretos do país estão também envolvidos na investigação.
Como funciona a entrada no grupo?
Para conhecer as futuras ações do "Tsunami Democrático", o mais fácil será tentar instalar a aplicação desenvolvida para o efeito. É nesta aplicação que se conhecem os horários, as funções de cada pessoa em determinado protesto e a presença ou não de autoridades no local.
Porém, a entrada na aplicação não é fácil. Para terem total confiança nas pessoas que são admitidas na aplicação, o grupo depende a admissão de um código fornecido por "alguém de confiança". Os dados pessoais estão obviamente na "mira" dos mais céticos. O "Tsunami Democrático" já revelou o acesso é anónimo e privado.
A aplicação tem duas versões: uma para Android e outra para dispositivos mais antigos. O site do "Tsunami" está registado na ilha de São Cristóvão e Neves, nas Caraíbas.
Qual foi a ação maior do "Tsunami"?
A maior ação do grupo terá sido o bloqueio do aeroporto El Prat, em Barcelona, na passada segunda-feira. Através da utilização de bilhetes de avião falsos, os protestantes conseguiram enganar a segurança do aeroporto e passar as primeiras barreiras de segurança. As imagens mostram um aeroporto repleto de pessoas prontas a contestar a condenação de nove políticos catalães.
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Outra tomada de posição pública que colocou o "Tsunami Democrático" nas bocas do mundo foi Pepe Guardiola, treinador espanhol, que leu um comunicado do grupo. "Exigimos que o Governo espanhol encontre uma solução política e democrática. O que pedimos é: 'Espanha, senta-te e fala'», disse em vídeo.
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O que dizem os números nas redes sociais?
Embora a contestação more nas ruas, o "Tsunami Democrático" tem aguentado firme nas redes sociais, nomeadamente no Twitter e no Instagram. Em ambas as plataformas reúne mais de 100 mil seguidores. Mais de 15 mil pessoas aderiram à aplicação que desenvolveram e 270 mil estão ligadas pelo serviço de mensagens instantâneas, o Telegram.
