Ataque mortal em universidade no centro de Praga resultou na morte de 14 pessoas (entre elas o atirador), sendo que outras 25 ficaram feridas. David Kozak, aluno russo de 24 anos, foi o autor dos disparos e acabou por colocar termo à própria vida. Autoridades descartam ligações terroristas.
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O terror instalou-se numa das cidades mais visitadas da Europa quando, na tarde desta quinta-feira, David Kozak, um estudante russo de 24 anos, matou a tiro 14 pessoas na Universidade Carolina de Praga, deixando ainda 25 feridos, dez dos quais graves. O autor do crime (que ocorreu por volta das 15 horas locais) acabou por se suicidar no interior do estabelecimento de ensino, pouco depois de a Polícia ter entrado no edifício, situado na Praça Jan Palach.
Logo após receberem o alerta, as autoridades enviaram um email para todos os estudantes, docentes e funcionários da universidade para que permanecessem nas salas de aula e nos respetivos gabinetes. Nas ruas da cidade - pode ver-se em várias imagens divulgadas nas redes sociais -, a calmaria deu lugar ao pânico, com milhares de pessoas a correrem pelas ruas de Praga em desespero por não saberem se estavam em perigo. Outros vídeos mostram alunos no telhado do estabelecimento de ensino onde ocorreu o massacre, precisamente enquanto o autor do tiroteio disparava de uma das varandas do edifício.
Pouco se sabe sobre Kozak, mas à medida que as autoridades vão investigando o sucedido começam a surgir novos detalhes sobre o estudante de Filosofia. De acordo com a Imprensa checa, poucas horas antes de iniciar o tiroteio na universidade, o russo terá matado o próprio pai em casa, na aldeia de Hostouni, nos arredores de Kladno, a poucos quilómetros da capital checa.
"Um homem que teve uma morte violenta, foi encontrado em Hostouni durante a tarde. Em ligação com isto, começámos uma busca por outro homem, nascido em 1999, que é suspeito desta atividade violenta", adiantaram as autoridades ao jornal MF DNES, esclarecendo que a vítima seria o progenitor do suspeito.
As motivações de Kozak ainda não são conhecidas, mas as informações recolhidas pelas autoridades apontam para que não haja qualquer ligação a terrorismo ou extremismo. A Polícia, que descobriu um vasto arsenal de armas nos aposentos do autor do crime, foi alertada, pouco antes da tragédia na universidade, que o suspeito de ter matado um homem em Kladno (o pai de Kozak) estaria a dirigir-se para Praga com a intenção de se suicidar, mas sem prever o desfecho sangrento.
"Quero realizar um tiroteio"
Sabe-se agora que as autoridades, que acreditam que o atacante se inspirou em ataques semelhantes ocorridos noutros países para realizar o tiroteio, estão a investigar a possibilidade de Kozak ter sido responsável pela morte de duas pessoas, na semana passada, na floresta de Klanovicky, perto de Praga. Segundo as autoridades, o atirador terá tirado a vida a um homem de 32 anos e à filha de dois meses, sendo que as vítimas terão sido escolhidas aleatoriamente.
Apesar de a tragédia ter surpreendido e chocado o país, Kozak já tinha dado a entender que pretendia executar um ataque deste calibre. "Quero realizar um tiroteio na universidade e, possivelmente, um suicídio. Alina Afanaskina ajudou-me demais", escreveu na rede social Telegram, dando a entender que se inspirou no ataque realizado pela estudante de 14 anos, a 7 de dezembro, numa escola russa.
Há suspeitas de que, entre as vítimas do ataque, possam estar turistas, mas a Polícia ainda está a trabalhar na identificação dos mortos e dos feridos, adiantando apenas que irá entrar em contato com as respetivas embaixadas caso se verifique a presença de cidadãos estrangeiros.
O porta-voz da Polícia, Martin Vondrácek, referiu ainda que, tendo em conta o vasto armamento que o atirador tinha em sua posse, foi quase um "milagre" não terem morrido mais pessoas. "Ele tinha uma grande quantidade de munições e se a Polícia não tivesse entrado no prédio a tempo, o autor não teria morrido no telhado e teria havido muito mais vítimas", disse, em conferência de imprensa.
O tiroteio mais grave desde que a República Checa se tornou um Estado independente, em 1993, causou uma onda de consternação em todo o Mundo. Em 2015, um homem de 63 anos matou a tiro sete homens e uma mulher antes de cometer suicídio num restaurante na cidade de Uhersky Brod, no sudeste do país. Quatro anos mais tarde, um homem matou seis pessoas na sala de espera de um hospital na cidade oriental de Ostrava, tendo uma mulher morrido dias depois. O agressor também se suicidou.