O advogado da família de Mahsa Amini, jovem iraniana que morreu sob custódia da Polícia da Moralidade de Teerão, após ser detida por alegadamente desrespeitar as rígidas regras de vestuário na República Islâmica, confirmou que o seu túmulo foi vandalizado no cemitério de Aichi, na cidade de Saqez, no Curdistão iraniano. A morte de Amini eclodiu os maiores protestos contra o Governo em décadas e abalou o sistema teocrático que governa o país desde a Revolução Iraniana de 1979.
Corpo do artigo
Segundo informações da família de Mahsa Amini, esta é a segunda vez que o túmulo é vandalizado. Uma suposta publicação na rede social de Ashkan Amini, irmão de Mahsa Amini, mostra o vidro que cobre o túmulo partido, junto de um retrato da jovem.
O advogado da família, Saleh Nikbakht, afirmou que "pessoas que já são conhecidas por nós (...), atacaram o túmulo de Zhina Mahsa Amini", em comunicado publicado na segunda-feira pela Rede de Direitos Humanos do Curdistão (KHRN, na sigla em inglês), organização não-governamental (ONG) sediada em França. Nikbakht não especificou, porém, quem são as "pessoas já conhecidas" pela família.
A morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro de 2022, sob custódia da Polícia da Moralidade, após ser detida pelo suposto incumprimento no uso do véu islâmico, provocou manifestações justamente no cemitério de Aichi um dia após a morte da jovem. As mulheres iranianas queimaram os seus véus durante esse protesto e as imagens viralizaram em todo o Mundo.
O Governo iraniano repreendeu fortemente os movimentos que explodiram no país posteriormente, e cerca de 500 pessoas foram mortas, enquanto as autoridades detiveram milhares de pessoas. O Irão já executou sete homens em casos relacionados com os protestos, como na última sexta-feira, em que três homens foram enforcados acusados de assassinarem três agentes das forças de segurança em novembro de 2022.
A Amnistia Internacional alertou já que mais sete pessoas correm o risco de serem executadas em breve no Irão, também associadas aos protestos pela morte de Mahsa Amini. Ativistas da ONG norueguesa Iran Human Rights denunciam esses casos como uma política deliberada iraniana para criar um clima de terror e medo através da pena de morte.