O turista alemão Marcel Gleffe é agora considerado herói, após surgirem relatos de ter resgatado 20 adolescentes do massacre ocorrido na Ilha de Utoya, na passada sexta-feira.
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"Apenas agi consoante o meu instinto. Não se fica assustado numa situação destas, apenas faz-se o que é preciso", afirma o "novo herói".
Gleffe estava a passear com a família, num barco alugado. Dirigiam-se à ilha quando Anders Behring Breivik abriu fogo no acampamento de jovens.
O turista contou à revista alemã "Der Spiegel" que alguns jovens pensaram na altura que ele era cúmplice do atirador. "Estavam em todo o lado na água. Atirei coletes salva-vidas com cordas presas e puxei-os para bordo. Estavam todos a gritar e a chorar".
"Alguns gritavam "mantenha-se longe" ou "não chegue mais perto". Outros até perguntaram se eu ia mata-los", acrescenta.
Gleffe ainda estava a algumas milhas de distância da ilha, mas percebeu o que se passava. "Sei a diferença entre fogos-de-artifício e tiros. Reconheci imediatamente o som da arma automática".
"Com ajuda dos binóculos, vi dois jovens a nadarem para longe da ilha e depois vi granadas de fumo e tiros", declara.
O alemão fez entre quatro e cinco viagens, até que foi avisado pelas autoridades para não regressar, por questões de segurança.
"Os jovens apoiavam-se uns aos outros e eram organizados. Diziam-me quem é que precisava mais urgentemente de socorro ou quem tinha que ser levado para o barco primeiro".
"Ficaram felizes por receber ajuda, mas não sabiam em quem confiar", disse Gleffe ao jornal local "Dagbladet".
Recorde-se que, esta segunda-feira, as autoridades actualizaram o número de mortos do massacre ocorrido em Utoya, na passada sexta-feira, baixando de 86 para 68.