A Turquia, em plena crise diplomática com a Holanda, diz que "não existe diferença" entre os liberais e o político "fascista" Geert Wilders e alerta para a iminência de guerras religiosas na Europa.
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"Olhem, não há diferença entre os sociais-democratas e o fascista Wilders, eles têm a mesma mentalidade", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, citado pela agência noticiosa pró-Governo Anadolu.
A Turquia e a Europa têm estado envolvidas numa crise diplomática após a Holanda e a Alemanha terem impedido ministros turcos de fazerem comícios junto das comunidades turcas nos seus países a favor do "sim" no referendo do próximo mês que visa ampliar os poderes do Presidente Recep Tayyip Erdogan.
Erdogan tem acusado repetidamente os países europeus de atuarem como os "nazis" e a União Europeia avisou Ancara para moderar a linguagem.
"Onde vão vocês, para onde levam a Europa" questionou Cavusoglu, dirigindo-se aos líderes europeus.
"Vocês começaram a desintegrar a Europa e a levar a Europa para o abismo. Em breve começarão guerras religiosas na Europa", alertou Cavusoglu.
"Porque tinham diferentes fés, mataram-se uns aos outros há 100 anos", disse, sem elaborar a que se referia.
"Mas aprenderam a lição e a União Europeia, o Conselho da Europa, foram criados. A Europa vai voltar a esses dias", afirmou.
Cavusoglu questionou a visão da Holanda sobre "humanidade, democracia e liberdade", insistindo que a Turquia não poderia ficar passiva perante tais ações.
"No período que se avizinha vamos tomar novas medidas", disse o ministro, sem acrescentar mais pormenores.
A Turquia ameaçou na quarta-feira cancelar unilateralmente o acordo migratório com a União Europeia (UE), estabelecido em março de 2016, que reduziu significativamente as chegadas de migrantes e refugiados à Europa.
O acordo de migração entre a União Europeia e a Turquia foi assinado há um ano, em Bruxelas, para parar a chegada diária de milhares de migrantes de barco às ilhas gregas.
O acordo prevê a deslocalização para a Turquia de todos os migrantes, incluindo os requerentes de asilo, e permitiu reduzir drasticamente as chegadas à Grécia.
A Turquia recebeu três mil milhões de euros de ajuda financeira no âmbito do acordo.