
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita
Foto: Alex Kolomoisky / EPA
A Justiça turca emitiu esta sexta-feira mandados de detenção por genocídio para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e vários responsáveis israelitas, incluindo os ministros da Defesa, Israel Katz, e da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.
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No total, 37 suspeitos são alvos dos mandados de detenção, disse o Ministério Público de Istambul num comunicado, sem fornecer uma lista completa.
Entre eles, figura também o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelitas, Eyal Zamir, indicou o Ministério Público de Istambul, condenando "o genocídio e os crimes contra a humanidade perpetrados de forma sistemática pelo Estado de Israel na Faixa de Gaza".
A Justiça turca referiu igualmente o caso do "Hospital da Amizade Turco-Palestiniana" de Gaza - construído pela Turquia -, bombardeado em março pelo exército israelita, que afirma servir de base a combatentes do movimento islamita palestiniano Hamas.
A Turquia, um dos países mais críticos da guerra iniciada na Faixa de Gaza pelo exército israelita na sequência do ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 em Israel, tinha-se já juntado ao processo de genocídio contra Telavive apresentado pela África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) no ano passado.
Está em vigor desde 10 de outubro um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.
O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.
A retaliação de Israel fez pelo menos 68.876 mortos - entre os quais mais de 20.000 crianças - e 170.679 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados (com as vítimas das quebras do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Fez igualmente milhares de desaparecidos, soterrados nos escombros e espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções e fome, causada por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de mantimentos, distribuídos em pontos considerados seguros pelo exército, que regularmente abria fogo sobre civis famintos.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça, e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
