O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, quer que a União Europeia (UE) avance para a criação de plataformas de desembarque de migrantes fora da Europa, alertando para os perigos dos novos partidos autoritários.
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Na carta-convite enviada às capitais da UE, esta quarta-feira, Tusk propõe que o Conselho Europeu dê do seu aval à "criação de plataformas regionais de desembarque fora da Europa" com o objetivo de "destruir o modelo de negócios dos contrabandistas, já que esta é a maneira mais eficaz de parar os fluxos e pôr fim à trágica perda de vidas no mar".
Para Tusk, é fundamental que a UE encontre para a crise migratória uma resposta alternativa ao discurso "radical, simples e atraente" oferecida por novos movimentos políticos com tendências autoritárias.
"Cada vez são mais os que começam a acreditar que apenas uma mão forte, anti-europeu e anti-liberal, com tendência para o autoritarismo aberto, é capaz de deter a onda de migração ilegal", alertou
"Se as pessoas acreditam neles, que só eles podem oferecer uma solução efetiva para a crise migratória, também irão acreditar em qualquer outra coisa que digam", escreveu Tusk, sublinhando que "os riscos são muito grandes e o tempo é curto".
O presidente do Conselho Europeu adianta ainda que a UE deve colaborar com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Tusk propõe ainda aos líderes europeus que prevejam, no âmbito do próximo quadro financeiro plurianual 2021-2027, um instrumento financeiro dedicado ao combate à migração ilegal, especificando ser necessária flexibilidade para que possa ser gerido em cooperação com países de origem e de trânsito.
Os líderes da UE, incluindo o primeiro-ministro, António Costa, reúnem-se na quinta e sexta-feira, em Bruxelas, numa cimeira dominada pela questão dos fluxos migratórios e acolhimento de refugiados, com fortes divisões entre os Estados-membros sobre a política de asilo.
No primeiro dia, os 28 irão discutir as migrações e a cimeira da NATO em julho, com a presença do secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg.
No dia seguinte, os trabalhos prosseguem a 27, para análise das negociações sobre o 'Brexit'.
Os trabalhos prosseguem com uma "Cimeira do Euro" num formato inclusivo para debater a reforma da União Económica e Monetária, onde participarão os presidentes do Eurogrupo, Mário Centeno, e do Banco Central Europeu, Mário Draghi.