Kiev quer criar zona tampão na região russa para proteger as suas áreas fronteiriças das investidas de Moscovo. Zelensky anuncia captura de mais de 100 soldados russos.
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As forças ucranianas continuaram hoje a avançar na região russa de Kursk, onde os militares de Moscovo se têm apressado a retirar milhares de residentes – pelo menos 200 mil nas área de fronteira. A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou que Kiev está a criar uma “zona de segurança” em Kursk e planeia organizar assistência e corredores humanitários para a retirada de civis “tanto na direção da Rússia como na direção da Ucrânia”. Já o presidente ucraniano reiterou que a Ucrânia se está a defender e garantiu que as forças de Kiev estão a cumprir “os requisitos das convenções internacionais e do Direito humanitário”.
“Estamos a avançar na região de Kursk, um a dois quilómetros em diversas zonas desde o início do dia. Capturámos mais de 100 militares russos durante este período. Estou grato a todos os envolvidos; isto irá acelerar o regresso dos nossos rapazes e raparigas para casa”, escreveu hoje Volodymyr Zelensky na rede social X.
O chefe de Estado ucraniano disse ter reunido com o comandante-chefe das Forças Armadas, Oleksandr Syrskyi, para discutir questões fundamentais como “segurança, ajuda humanitária e, se necessário, a criação de gabinetes de comando militar”, equacionando assim o estabelecimento de administrações militares numa área ocupada com a incursão iniciada a 6 de agosto que a Ucrânia afirma exceder já 1000 quilómetros quadrados.
E insistiu: “a Ucrânia está a defender-se a si própria e às vidas do seu povo nas comunidades fronteiriças, ao mesmo tempo que toma medidas activas em território russo. As nossas forças cumprem rigorosamente os requisitos das convenções internacionais e do Direito humanitário”.
O ministro do Interior, Ihor Klymenko, assinalou que a criação de uma “zona tampão” foi “concebida para proteger” as comunidades fronteiriças ucranianas “dos ataques diários do inimigo”, uma vez que Moscovo tem atacado a Ucrânia com investidas lançadas a partir de territórios fronteiriços adjacentes, incluindo a região de Kursk.
Se o comando militar ucraniano assegurou que mantém já sob controlo até 76 localidades russas, Moscovo anunciou que 117 drones ucranianos foram abatidos sobre a Rússia durante a noite de terça para quarta-feira, sobretudo nas regiões de Kursk, Voronezh, Belgorod e Nizhny Novgorod. O Kremlin alegou que também os mísseis foram abatidos e mostrou bombardeiros Sukhoi Su-34 a atacar o que disse serem posições ucranianas na região de Kursk.
Alguns dos drones ucranianos atacaram quatro aeródromos militares russos, no que será uma tentativa de estancar a capacidade russa de atacar a Ucrânia com bombas planadoras.
Central nuclear em alerta
A Guarda Nacional da Rússia assumiu estar a reforçar a segurança na central nuclear de Kursk, localizada a apenas 35 quilómetros do local dos combates. Já na região fronteiriça russa de Belgorod, o governador Vyacheslav Gladkov declarou o estado de emergência.
A ofensiva poderá, contudo, deixar as forças ucranianas mais expostas noutras partes da frente de combate, onde a Rússia tem vindo a ampliar os 18% de território ucraniano que controla. “Não esquecemos nem por um segundo a nossa frente oriental. Instruí o comandante-chefe para reforçar esta direção utilizando o equipamento e os mantimentos atualmente fornecidos pelos nossos parceiros”, garantiu Zelensky esta quarta-feira.