Plano anunciado por Donald Trump está a provocar dúvidas sobre custos, prazos e quais equipamentos serão entregues. Eslováquia bloqueou, esta terça-feira, novo pacote de sanções à Rússia.
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Apesar da disposição de alguns países europeus em comprar armas norte-americanas para a Ucrânia, com Kiev e aliados a esperarem pelos pormenores do plano anunciado por Donald Trump, os 27 não obtiveram consenso sobre um novo pacote de sanções à Rússia. Enquanto Moscovo disse que precisa de tempo para responder ao ultimato de 50 dias do presidente dos Estados Unidos, os média noticiaram que Vladimir Putin não deverá mudar de rumo no conflito.
O plano de que os europeus comprariam armas dos EUA para a Ucrânia está a gerar dúvidas relativamente à sua implementação. De concreto, Trump divulgou que serão entregues “17 Patriots”, um sistema de defesa de mísseis terra-ar. Mas os ucranianos não sabem o que o líder da Casa Branca quis dizer com tal declaração.
“Dezassete é um número enorme se estivermos a falar de baterias. Se forem lançadores, isso é possível”, destacou Vadym Skibitsky, vice-chefe da agência de informação militar de Kiev, citado pelo jornal britânico “The Guardian”. Cada sistema Patriot inclui seis lançadores. “A Administração dos EUA e o Pentágono vão-nos dar mais detalhes”, acrescentou o major-general.
Incerteza em Bruxelas
Do lado da Europa, perguntas como a quantidade e os tipos de armamento, o quão rápido o equipamento será enviado e de que forma aguardam esclarecimentos. “Os pormenores da iniciativa dos EUA... ainda não são conhecidos e estamos interessados em saber mais sobre eles antes de podermos tomar medidas mais concretas sobre esta questão”, pontuou a Defesa da Finlândia.
A reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia (UE) terminou com Bratislava a frustrar a adoção de novas sanções. “Estou realmente triste por não termos chegado a este acordo hoje. Devo dizer que estivemos muito perto de tranquilizar a Eslováquia. A Comissão entregou o que eles pediram. Agora, a bola está no campo da Eslováquia e precisamos de fechar este acordo. Já passaram dois meses”, frisou a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros.
“As sanções são necessárias para privar a Rússia dos meios para travar esta guerra, e a UE continuará a aumentar os custos, pelo que parar a sua agressão torna-se o único caminho a seguir para Moscovo”, argumentou Kaja Kallas. “Os EUA e a Europa estão a trabalhar em conjunto”, e, portanto, “isso poderá pressionar Putin a negociar seriamente”.
Putin pode exigir mais
Três fontes de alto nível próximas ao Kremlin, ouvidas pela agência britânica Reuters, acreditam que o líder russo não vai ceder às ameaças de novas armas para Kiev e de tarifas aos parceiros comerciais da Rússia. Pelo contrário, acreditam que o “apetite” de Putin por novos territórios aumentará caso a guerra não pare – e para isto, será preciso que o Ocidente cumpra com as suas exigências. As regiões de Dnipropetrovsk, Sumy e Kharkiv seriam os próximos alvos, indicou um dos citados. “A Rússia agirá com base na fraqueza da Ucrânia”, completou.
Trump nega encorajar ataques a Moscovo
Trump afirmou que o presidente ucraniano “não deveria ter Moscovo como alvo” e que os EUA não enviarão mísseis de longo alcance. A declaração surge após um artigo do jornal “Financial Times”, que noticiou, citando duas fontes familiarizadas com a questão, que Trump terá discutido com Volodymyr Zelensky, num telefonema no dia 4, o envio dos mísseis ATACMS e terá perguntado sobre a possibilidade atingir a Rússia, incluindo Moscovo.