Ucrânia não desiste do território e Rússia pode ter envenenado negociadores de paz
Ao 33.º dia de guerra, a Ucrânia resiste. Zelensky mantém os apelos de paz e admite que o país não vai sacrificar a sua "integridade territorial" para conter a invasão. As negociações de paz retomam na terça-feira mas sob elas pairam o medo, tudo isto porque Abramovich e negociadores ucranianos apresentaram sintomas de envenenamento após uma reunião com a delegação russa.
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- Abramovich e três negociadores ucranianos sofreram sintomas compatíveis com envenenamento. Os sintomas, como olhos vermelhos, um lacrimejar constante e doloroso e ainda a escamação da pele surgiram depois de uma reunião em Kiev, na Ucrânia, no início de março. Os exames apontaram para envenenamento por arma química, que não foi, no entanto, identificada. O ataque foi atribuído a Moscovo, que pretendia boicotar as negociações para pôr fim à guerra. O Kremlin ainda não se pronunciou sobre este assunto. A informação foi avançada pelo "Wall Street Journal", que citou fontes próximas dos envolvidos.
- Apesar das exigências de Putin, que anexou a Crimeira em 2014 e exige agora a independência dos territórios de Lugansk e Donetsk, a Ucrânia não vai sacrificar a "integridade territorial do seu território", segundo um conselheiro do Presidente Zelensky. No domingo à noite, o presidente ucraniano apontou a questão da "neutralidade" do país como um dos pontos centrais das negociações com a Rússia para terminar o conflito.
- Pelo menos cinco mil pessoas morreram na cidade portuária sitiada de Mariupol, no sul da Ucrânia, desde que a Rússia lançou a invasão no mês passado, disse esta segunda-feira à AFP um alto funcionário ucraniano. O autarca da cidade disse, esta segunda-feira, que a cidade está à beira de uma catástrofe humanitária e deve ser completamente evacuada. De acordo com Vadym Boichenko 160 mil habitantes estão sem energia.
- As forças ucranianas recuperaram hoje o controlo da cidade de Irpin, a poucos quilómetros de Kiev, disse o autarca local. Irpin tem sido palco de fortes combates e tem estado sob bombardeamentos intensos, desde o início da invasão no mês passado.
- Perdas económicas na Ucrânia estimadas em mais de 500 mil milhões de euros. É ao nível das infraestruturas que as perdas são mais elevadas, indicou Iulia Sviridenko, ministra da Economia ucraniana, com "perto de oito mil quilómetros de estradas destruídas ou danificadas", o mesmo acontece com "dezenas de estações e de aeroportos", num montante de 108,5 mil milhões de euros. Dez milhões de metros quadrados de habitação e 200 mil veículos foram destruídos em mais de um mês, acrescentou, citada pela agência AFP.
- A deputada ucraniana Maria Mezentseva denunciou que soldados russos estão a violar ucranianas durante a guerra em curso e garantiu que a Ucrânia não se calará na denúncia destes crimes. A Procuradoria-geral está a investigar.
- O principal jornal independente russo Novaya Gazeta, cujo editor-chefe foi galardoado no ano passado com o Prémio Nobel da Paz, suspendeu a publicação até ao final da "ação militar" de Moscovo na Ucrânia. O editor chefe, Dmitry Muratov, disse que era uma decisão "difícil", indicando que era um esforço para "salvar" a respeitada publicação e evitar um encerramento total. "Recebemos outro aviso do Roskomnadzor", revelou o jornal, referindo-se ao regulador dos meios de comunicação social da Rússia.
- O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia avançou esta segunda-feira, através de um comunicado, que cerca de 17 mil soldados russos foram mortos ou ficaram feridos desde o início da ofensiva militar russa, sem clarificar o número total de óbitos.
- O avião que transportava membros da delegação russa aterrou hoje em Istambul para as conversações, nos próximos dois dias, com a delegação ucraniana, para procurar uma solução para o conflito militar.
Dados
- A guerra já matou pelo menos 1151 civis e fez 1824 feridos, a maioria dos quais devido a armas explosivas com vasta área de impacto, indicou hoje a ONU. O Alto Comissariado da ONU acredita que estes dados sobre as vítimas civis estão, contudo, muito aquém dos números reais, sobretudo nos territórios onde os ataques intensos não permitem recolher e confirmar a informação.
- Quase 3,9 milhões de refugiados já fugiram da Ucrânia, mas fluxo está a abrandar segundo a ONU.
- Portugal concedeu mais de 23 mil pedidos de proteção temporária até esta segunda-feira por Portugal a pessoas que fugiram da guerra da Ucrânia, segundo a última atualização feita pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.