A Ucrânia garantiu esta quinta-feira que responderá militarmente a qualquer tentativa de anexação por parte da Rússia dos territórios russófonos na região leste do país, mas Moscovo já garantiu que não tem qualquer intenção de o fazer, avançou a AFP.
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Em Bruxelas, o primeiro-ministro ucraniano Arseni Iatseniouk, citado pela página oficial do Governo ucraniano, advertiu de forma oficial a Rússia.
"Responderemos firmemente e com recurso a meios militares a qualquer tentativa de atravessar a fronteira das tropas russas ou de anexação das regiões do leste ou outras", declarou o chefe do Governo ucraniano, citado pela agência noticiosa AFP.
No entanto, em conversa telefónica com o seu homólogo norte-americano, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, negou qualquer intenção russa de invadir o leste ucraniano.
O chefe do Pentágono, Chuck Hagel transmitiu preocupação face às movimentações russas, mas Shoigu garantiu que as tropas que colocou ao longo da fronteira com a Ucrânia estão lá "apenas para realizar exercícios militares" e que não há qualquer plano para cruzar a fronteira ou levar a cabo qualquer ação violenta.
Do lado ucraniano, o primeiro-ministro sublinhou hoje também que o problema da anexação da península da Crimeia pela Rússia ultrapassou largamente o quadro das relações russo-ucranianas e apelou a uma "resposta adequada" do Ocidente.
"A Rússia violou o direito internacional e minou o acordo de não-proliferação nuclear. A Rússia fez um assalto à mão armada de um país vizinho independente. O Ocidente deve dar uma resposta adequada", considerou o chefe de Governo ucraniano.
A Rússia, tal como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, tem garantido a integridade territorial da Ucrânia desde 1994, quando a ex-república soviética renunciou ao seu arsenal nuclear.
"Todos devem compreender que há um preço a pagar pela estabilidade mundial. Há duas formas: com vítimas ou com euros e dólares", frisou, numa aparente referência às sanções económicas contra Moscovo.
"É melhor sacrificar os euros e os dólares do que chorar milhares de mortos numa guerra sangrenta", acrescentou, dizendo ainda esperar dos parceiros europeus compreensão em relação à questão, e sublinhando que depois poderá ser "demasiado tarde para outro tipo de sanções".
A república autónoma da Crimeia, um território no sul da Ucrânia e de população maioritariamente russa, está no centro da tensão entre Moscovo e Kiev desde a destituição, em fevereiro, do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo.
As autoridades locais da península autónoma recusaram reconhecer o novo Governo ucraniano e referendaram, no domingo passado, uma união com a Rússia, apoiada por 96,77% dos votantes.
Vladimir Putin assinou na terça-feira um tratado bilateral de união com o primeiro-ministro da república autónoma ucraniana da Crimeia, Sergei Aksionov, e outros dirigentes da península, ignorando as sanções ocidentais impostas contra Moscovo.
Durante os últimos dias, a república da Crimeia tem sido cenário de incidentes envolvendo forças pró-russas e militares ucranianos.
