Ucranianos de regresso a Kiev enquanto a resistência militar persiste em Mariupol
Há 76 dias que a Rússia entrou Ucrânia adentro e mudou a vida de milhões de ucranianos. Depois de fugiram, muito estão a regressar agora numa tentativa de recuperar a normalidade perdida. "Antes da guerra havia 3,5 milhões de habitantes na nossa cidade. Quase dois terços regressaram", admitiu o presidente da Câmara de Kiev. Enquanto uns regressam, militares e 100 civis resistem aos ataques russos na fábrica de Azovstal, em Mariupol.
Corpo do artigo
- Dois terços dos 3,5 milhões de habitantes de Kiev que tinham abandonado a cidade regressaram à capital ucraniana, revelou hoje o presidente da Câmara, Vitali Klitschko. "Antes da guerra havia 3,5 milhões de habitantes na nossa cidade. Quase dois terços regressaram", disse o autarca. "Claro que há muitas restrições. Mas aqueles que não tenham medo podem regressar", acrescentou, explicando que, com base na lei marcial em vigor, ainda há toque de recolher e um grande número de postos de controlo. No entanto, o político não nega a possibilidade de a capital da Ucrânia ser atacada por artilharia russa.
- Pelo menos 100 civis permanecem na siderúrgica Azovstal sob ataque russo na cidade de Mariupol, disse um assessor do autarca da cidade. "Além dos militares, pelo menos 100 civis permanecem nos abrigos. No entanto, isso não reduz a intensidade de ataques dos ocupantes", escreveu Petro Andryushchenko, no Telegram. Uma missão de observação da ONU estimou que "milhares de civis" morreram na cidade ucraniana de Mariupol na sequência da invasão russa, mas admitiu que só poderá comprovar a informação quando tiver acesso à cidade.
- As autoridades ucranianas anunciaram que encontraram os corpos de 44 civis nos escombros de um prédio de cinco andares que desabou em março, em Izyum, no nordeste do país, a cerca de 120 quilómetros da cidade de Kharkiv. "Este é outro crime de guerra horrível dos ocupantes russos contra a população civil" disse Oleh Synehubov, chefe da administração regional, no comunicado em que dá conta das mortes.
- O chefe da diplomacia ucraniana considerou hoje em Kiev a adesão do seu país à União Europeia (UE) uma "questão de guerra ou de paz" e congratulou-se com a "mudança de posição" da política externa de Berlim face à Rússia. "Uma das razões pelas quais a guerra começou é que [o Presidente russo, Vladimir Putin] estava convencido que a Europa não necessitava da Ucrânia", frisou. Bruxelas deve emitir em junho o seu parecer sobre a obtenção pela Ucrânia do estatuto de candidato à UE. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia vai estar na reunião do G7 na Alemanha,
- O diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) exortou as autoridades ucranianas e russas a permitirem que os seus peritos inspecionem o material da central nuclear de Zaporíjia, ocupada pelas forças russas. Numa audição sobre a segurança das instalações nucleares ucranianas, Mariano Grossi admitiu "preocupação" relativamente à segurança nuclear na Ucrânia, principalmente naquela que é a maior central nuclear da Europa.
- Cerca de 26 mil soldados russos foram mortos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, disse o Estado-Maior General das Forças Armadas Ucraniana. Além das vítimas humanas, as autoridades ucranianas relataram inúmeras perdas de material bélico, entre elas 1170 tanques e 158 helicópteros.
- A agência de migração da ONU disse que mais de oito milhões de pessoas deslocaram-se internamente na Ucrânia desde o início da guerra. Os números, publicados num relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), representam um aumento de 24% em comparação com os primeiros números de deslocados internos publicados a 16 de março.
14841964
- A República Checa foi hoje eleita pela Assembleia-Geral da ONU, com uma maioria de 157 votos, como sucessora da Rússia no Conselho de Direitos Humanos, com um mandato válido até dezembro de 2023. O assento foi abandonado a 7 de abril pela Rússia, após a sua suspensão do Conselho de Direitos Humanos.
- A Alemanha vai reabrir a sua embaixada em Kiev, que para já irá funcionar "com uma presença mínima", anunciou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, durante uma visita à capital ucraniana. "Enquanto estamos aqui, estamos a reabrir a embaixada alemã em Kiev. No início, será uma atividade um pouco limitada", disse Baerbock, durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba.
- O secretário-geral da ONU, António Guterres, prometeu reforçar o apoio da ONU à Moldávia no acolhimento de refugiados ucranianos, no dia em que visitou um centro de acolhimento no país.
- Na audição parlamentar que decorreu hoje sobre o acolhimento de refugiados em Setúbal, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares considerou tratar-se de um caso "inaceitável" e "isolado que deve ser investigado". A alta comissária para as Migrações garantiu que só soube do caso pela imprensa e confirmou as queixas relatadas pela Associação dos Ucranianos em Portugal, mas afirmou o Alto Comissariado para as Migrações não tinha mandato para verificar a existência de ligações pró-Putin dentro da comunidade de imigrantes ucranianos.