Forças de Kiev entraram esta sexta-feira na capital da região anexada por Moscovo, recebidas em êxtase pela população. Celebrações estenderam-se a todo o país
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Avançaram sobre Kherson, as tropas ucranianas, e retomaram o domínio da cidade estratégica, capital da região com o mesmo nome, anexada por Moscovo há seis semanas. A população local recebeu em júbilo os militares e a festa tomou a cidade, numa profusão de celebrações cujas imagens correram mundo. A entrada das forças de Kiev, que há semanas apertavam o cerco numa contraofensiva que ditou a retirada das forças invasoras, sucedeu à saída de mais de 30 mil soldados russos, que atravessaram para a margem oriental do rio Dnipro. "Hoje é um dia histórico", disse Zelensky.
O Ministério da Defesa russo confirmou esta sexta-feira que a retirada das tropas do lado ocidental do rio Dnipro, onde está situada a cidade de Kherson, estava completa, noticiou a agência estatal russa Tass.
No briefing diário, alegou o ministério que todas as tropas e equipamentos russos foram transferidos para a margem oriental do rio, numa operação que diz ter ficado concluída às 5 horas locais (7 em Lisboa).
Moscovo já havia ditado a retirada na quarta-feira, alegando que as tentativas de manter a sua posição e abastecer as tropas eram "fúteis", tendo em conta a crescente contraofensiva ucraniana.
Assegurou o ministério russo que não restou qualquer peça de equipamento militar ou soldado do lado Oeste do rio, e que não se tinham registado perdas humanas ou de material durante a retirada.
Para além de relatos de soldados russos feridos deixados para trás ou feitos prisioneiros, ao final da manhã de sexta-feira era noticiada a chegada das tropas ucranianas ao centro da cidade. Imagens partilhadas nas redes sociais mostravam a infantaria ucraniana a ser saudada pela população.
À agência Reuters, um membro do Concelho Regional de Kherson confirmava que quase toda a cidade estava já sob controlo das forças ucranianas. Sucederam-se os avisos para que a população permanecesse em casa, enquanto prosseguiam as buscas por militares russos que ainda estivessem na cidade.
Não tardou a explosão de celebrações nas ruas, imagens de festa dos residentes que rapidamente alastrou a outros pontos do país, inclusive à célebre Praça de Maidan, em Kiev, palco da icónica revolução ucraniana de 2014.
"Eles nunca desistiram da Ucrânia"
A mensagem mais efusiva do dia chegou, sem surpresa, pela voz do presidente ucraniano. "Hoje é um dia histórico", começou por dizer Volodymyr Zelensky na declaração publicada na rede social Telegram.
"O povo de Kherson estava à espera. Eles nunca desistiram da Ucrânia. A esperança para a Ucrânia é sempre justificada - e a Ucrânia recupera sempre a sua", escreveu o chefe de Estado, que referiu ainda a remoção, pela população, dos "símbolos russos e quaisquer vestígios da permanência dos ocupantes em Kherson das ruas e edifícios", à imagem do que aconteceu noutras cidades libertadas. "A Ucrânia virá para todo o seu povo", disse Zelensky, que agradeceu, por fim, a todos os que nas Forças Armadas "estão a tornar possível esta operação ofensiva no Sul agora".