Sob o espectro da luta separatista no leste do país, a Ucrânia vai, este domingo, escolher a nova composição do Parlamento. Poroshenko exigiu eleições antecipadas e deve conseguir maioria pró-Ocidente na nova Rada.
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Depois do fim da coligação parlamentar que suportava o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk, Petro Poreshenko dissolveu a Rada (o parlamento ucraniano) e convocou eleições antecipadas para "corresponder às expetativas do povo".
Segundo disse na altura, o presidente considerava que a composição do parlamento tinha elementos controlados pela Rússia e que apoiavam os intuitos separatistas de algumas regiões. Este domingo, espera-se que a Presidência saia reforçada, com o "Bloco de Poroshenko" a vencer as eleições, seguido pelo Partido Radical de Lyashko, estreitando a ligação à União Europeia, que se iniciou com os protestos em Kiev no início do ano e com a escolha de um primeiro-ministro pró-europeu.
"Metade do Parlamento vai ser mudado, no mínimo. Vai haver uma estrutura partidária diferente", disse à Reuters Volodymyr Fesenko, do Centro Ucraniano de Estudos e Política Internacional. "As forças ligadas à integração europeia e ao "Maidan" vão ter maioria absoluta", afirmou.
Será mesmo expectável que muitos do que se destacaram na luta da Praça da Independência, em Kiev, contra o antigo presidente Yanukovych ou na resistência às forças pró-russas no leste do país sejam eleitos para o parlamento. Antigos jornalistas, ativistas e militares preparam-se para entrar na carreira política, voltando as costas à influência russa.
Mas mesmo com uma vitória do Bloco de Poroshenko, favorito nas sondagens e que será acompanhado por outros partidos pró-Ocidente na Rada, será difícil ao presidente conseguir reunir um consenso para um acordo de paz com os separatistas, já que vários partidos pró-Europa temem que o Estado se venda aos interesses russos. "O próximo parlamento será muito mais radical e instável e pode dissolver-se num ano", afirmou, no final de setembro, ao "Kiev Post" Taras Berezovets, um analista político que duvida da capacidade reformista da nova formação da Rada.
A Rússia anunciou que vai reconhecer as eleições na Ucrânia, mas também as eleições paralelas de 2 de novembro, nas autoproclamadas repúblicas populares de Lugansk e Donetsk. O conflito no leste do país entre o exército e as forças pró-russas já provocou 824 mil deslocados