A União Europeia (UE) classificou como "bastante preocupantes" as "notícias de dispersão violenta" de uma manifestação em Maputo, capital moçambicana, convocada pelo candidato Venâncio Mondlane, e disse que "continua a monitorizar" o desenrolar da situação.
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"As notícias de dispersão violenta são bastante preocupantes", disse um porta-voz do executivo comunitário numa resposta enviada à Lusa.
A mesma fonte pediu "contenção máxima" de todas as partes envolvidas no processo eleitoral e o "respeito pelas liberdades fundamentais e direitos políticos".
"A UE continua a monitorizar os desenvolvimentos em Moçambique, depois dos homicídios chocantes de Elvino Dias e Paulo Guambe", acrescentou o porta-voz.
A polícia moçambicana lançou, esta segunda-feira, gás lacrimogéneo contra o local onde o candidato presidencial Venâncio Mondlane fazia declarações aos jornalistas, a apelar à calma no âmbito da marcha que convocou, obrigando o político a fugir.
O candidato falava com os jornalistas junto à rotunda da Organização das Mulheres Moçambicanas, no início da Avenida Joaquim Chissano, no centro de Maputo.
Os manifestantes que se encontravam no local estavam a tentar fazer um cordão humano, mas a polícia voltou a lançar gás lacrimogéneo.
Um jornalista foi ferido nesta ação depois de outro ter também ficado ferido na carga policial que ocorreu ao início da manhã.
Cerca das 10 horas locais (9 horas em Portugal continental), a polícia dispersou a manifestação no centro de Maputo convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane para repudiar o homicídio de dois apoiantes, carregando sobre dezenas de pessoas que se concentraram no local, que responderam com o arremesso de pedras e com o lançamento de artefactos pirotécnicos.
As marchas pacíficas foram convocadas por Venâncio Mondlane, no sábado, no local em que dois apoiantes foram assassinados, referindo que a greve, no setor público e privado, que tinha pedido para hoje, em contestação aos resultados preliminares das eleições de 09 de outubro, era para manter, passando agora para a rua, e responsabilizou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pelo duplo homicídio.
A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi "emboscada".
As eleições gerais de 9 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.