Um judeu e um muçulmano são os principais candidatos na corrida da câmara da capital inglesa que se disputa esta quinta-feira.
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Nesta "Superquinta-feira", como lhe chamam os meios de comunicação social ingleses, há dois nomes que soam mais alto no meio de milhares de candidatos aos quase três mil lugares a eleger em todo o Reino Unido. Em Londres, para substituir Boris Johnson, só se fala em dois nomes : Sadiq Khan e Zac Goldsmith.
Sadiq Khan é um muçulmano do Partido Trabalhista (o "Labour") que defende a permanência na União Europeia. É filho de um motorista de autocarros do Paquistão e de uma costureira. Tem 45 anos e é apontado como o vencedor nas últimas sondagens.
Neste dia de eleições, quase seis milhões de londrinos devem ir até às urnas escolher o próximo "Mayor" da cidade e Sadiq Khan quer fazer História ao ser eleito o primeiro muçulmano à frente de uma das maiores câmaras europeias. O candidato, que integrou o governo de Gordon Brown, teve que conviver com as críticas de David Cameron. O primeiro-ministro britânico acusou-o de manter vínculos extremistas, uma estratégia que de acordo com alguns especialistas pode resultar num "volte-face" para a campanha dos conservadores.
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A lutar contra o advogado muçulmano está um judeu milionário. Até que ponto pode a religião destes dois candidatos ser fator decisivo? É uma pergunta que só terá resposta quando os resultados forem conhecidos.
Zac Goldsmith é defensor do "Brexit", a saída da União Europeia. Candidato pelo Partido Conservador (os "Tories"), Goldsmith é filho de um milionário, com riqueza ligada ao setor banqueiro. Cresceu numa mansão e defende as causas ambientais.
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Os dois candidatos esgrimam uma luta entre dois mundos opostos. O resultado desta eleição, entre extremos, pode significar que os Conservadores estão a perder terreno. Caso Sadiq Khan vença nas urnas, David Cameron deverá ficar apreensivo em relação às próximas eleições para o número 10 de "Downing Street" (a polémica que o envolve nos "Panama Papers" naõ terá ficado esquecida). Caso contrário, se Goldsmith vencer a Câmara de Londres, pode significar que a confiança dos eleitores recai num forte opositor à integração na União Europeia. Com esse resultado, Londres, até agora uma cidade favorável à Comunidade, pode começar a ficar convencida pela corrente eurocética.
As eleições decorrem em todo o Reino Unido. Há eleições regionais para eleger o novo Parlamento da Escócia, a Assembleia do País de Gales, e ainda a nova composição da Assembleia Autónoma da Irlanda do Norte.
As urnas fecham às 22 horas, os primeiros resultados devem ser conhecidos pouco depois. Os resultados finais começam a ser divulgados na sexta-feira.