Movimento para reabrir o país mais afetado pela pandemia no mundo tem ligações ao presidente Donald Trump.
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Foram nos seus carros e deles mal saíram, porque o estado norte-americano do Maryland está em confinamento e foi mesmo isso que os levou ali. O objetivo era gritar "Reopen Maryland", "Reabram o Maryland", porque as medidas de contenção aconselhadas pelas autoridades de saúde e seguidas pelo governo local para travar a pandemia de coronavírus fazem mais mal do que bem. Alegação: "Impor a doentes que fiquem em casa chama-se quarentena. Impor a cidadãos saudáveis que fiquem em casa, forçando o fecho de negócios e igrejas, chama-se tirania".
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66% pela quarentena
Ali e no Texas, ontem, depois do Michigan, Virginia e Minnesota e antes de outros estados onde se prevê que muitos automobilistas também estiquem o dedo às autoridades estaduais. Tudo, dizem, de forma espontânea. E tudo com o apoio verbalizado do presidente, Donald Trump, que quer à viva força despachar o regresso à normalidade num país que multiplica casos de Covid-19 à velocidade de nenhuma outra parte do Mundo e em que 66% da população apoia o confinamento.
A espontaneidade, no entanto, esbarra, segundo o jornal britânico "The Guardian", nas ligações dos promotores dos protestos: conservadores abastados, ligados ao Partido Republicano e, sobretudo, à atual administração norte-americana. No protesto do Michigan, que está a inspirar os outros, não faltaram anúncios pagos no Facebook, nem material de propaganda da campanha de Trump às presidenciais de novembro.
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Um dos organizadores foi o Michigan Freedom Fund, que recebeu 500 mil dólares da família DeVos, financiadora de grupos de direita e ligada à secretária da Educação de Trump, Betsy DeVos. O outro, Michigan Conservative Coalition, ou Michigan Trump Republicans, é de um congressista assíduo da campanha de Trump.
E estes são apenas dois exemplos de financiadores da direita mais conservadora na sombra destes protestos contra o confinamento, a mesma que lançou o movimento "Tea Party" entre republicanos quando o democrata Barack Obama chegou à Casa Branca. Na altura, impulsionado pela Fox News. Como agora.