Estudo britânico conclui que fumar um único cigarro reduz a esperança de vida em 17 minutos nos homens e em 22 minutos nas mulheres.
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Investigadores da Universidade de Londres (UCL) descobriram que, em média, um único cigarro retira cerca de 20 minutos à vida do fumador, o que significa que um maço típico de 20 cigarros pode encurtar a vida de uma pessoa em quase sete horas.
De acordo com a análise, se um fumador de dez cigarros por dia deixar de fumar em 1 de janeiro, poderá evitar a perda de um dia inteiro de vida até 8 de janeiro. Poderá aumentar a sua esperança de vida em uma semana se deixar de fumar até 5 de fevereiro e em um mês inteiro se não fumar até 5 de agosto. No final do ano, poderia ter evitado perder 50 dias de vida.
“De um modo geral, as pessoas sabem que fumar é prejudicial, mas tendem a subestimar o quanto”, afirma Sarah Jackson, investigadora principal do grupo de investigação sobre álcool e tabaco da UCL. “Em média, os fumadores que não deixam de fumar perdem cerca de uma década de vida. São 10 anos de tempo precioso, de momentos da vida e de marcos com os entes queridos”, sublinha.
O estudo, encomendado pelo ministério da Saúde britânico, analisou os dados mais recentes de uma recolha que teve início em 1951 (British Doctors Study) sobre os efeitos do tabagismo e de um outro levantamento que acompanha a saúde das mulheres desde 1996 (Million Women Study).
E as conclusões revelaram um impacto maior na esperança de vida do que se estimava. Numa avaliação de 2000, publicada no site de informação médica BMJ, verificou-se que em média um cigarro reduzia a esperança de vida em cerca de 11 minutos, mas nesta última análise publicada no Journal of Addiction o valor quase duplica para cerca de 20 minutos - 17 minutos para os homens e 22 minutos para as mulheres.
“Algumas pessoas podem pensar que não se importam de perder alguns anos de vida, uma vez que a velhice é frequentemente marcada por doenças crónicas ou incapacidades. Mas fumar não reduz o período menos saudável no final da vida”, explica a investigadora Sarah Jackson ao "The Guardian".
“O tabagismo consome sobretudo os anos relativamente saudáveis da meia-idade, antecipando o aparecimento de doenças. Isto significa que um fumador de 60 anos terá normalmente o perfil de saúde de um não fumador de 70 anos”, acrescenta.
O tabaco matará mais de oito milhões de pessoas no mundo todos os anos até 2030 se as atuais tendências se mantiverem, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera o consumo de tabaco como "uma epidemia global".
Ainda de acordo com a OMS, cerca de 37 milhões de adolescentes entre os 13 e os 15 anos em todo o mundo consomem tabaco e em muitos países a taxa de consumo de cigarros eletrónicos supera a dos adultos.
Em Portugal, segundo os dados do Registo Oncológico Nacional, o cancro do pulmão é um dos mais frequentes - mama (8787), a próstata (7099) e o pulmão (5547) - e, em 2021, foi responsável por perto de 4400 óbitos. O tabagismo continua a ser o principal fator de risco de desenvolvimento da doença, sendo responsável por cerca de 80% dos casos.