Entre as medidas, os membros do Podemos propõem a atribuição de um rendimento básico para todos os cidadãos, de forma a proporcionar-lhes um "nível de vida digno"; defendem o controlo público dos sectores estratégicos da economia e uma reforma da política fiscal orientada para a "distribuição da riqueza". Num recente debate televisivo, Pablo Iglesias respondia às críticas que apelidam o programa de utópico dizendo que "qualquer social-democrata o poderia subscrever".
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Embora conotados com a esquerda política, essa é uma etiqueta que os promotores do movimento evitam utilizar, rejeitando, de resto, o tradicional conflito entre esquerda e direita: "É verdade que os partidos de direita são de direita, mas é mentira que os partidos de esquerda sejam de esquerda. Por isso falar de direita e esquerda converteu-se num lugar vazio onde ninguém entende o que se está a propor" diz Monedero ao JN.
No programa eleitoral concebido em Maio destaca-se ainda a proposta de fazer uma auditoria cidadã à dívida pública e privada, para "delimitar que partes desta podem ser consideradas ilegítimas e declarar o não pagamento". No limite, a promessa poderia conduzir a uma reestruturação da dívida, semelhante à levada a cabo no Equador pelo presidente Rafael Correa.
Em suma , caso o fenómeno Podemos se confirme nas urnas, poderíamos estar perante "uma reforma constitucional, que implicaria também uma mudança no sistema político espanhol", prevê o historiador Álvaro Soto. No entanto, embora "saibamos que o Podemos faz uma crítica brilhante ao que está a acontecer, há ainda uma incerteza muito grande sobre o que nos propõe para sair da atual situação", conclui o catedrático.