A União Europeia (UE) anunciou, esta quinta-feira, uma nova ajuda de emergência à Líbia, em resposta à devastação causada pela passagem da tempestade Daniel no leste do país, com as vítimas mortais a poderem chegar a 20 mil.
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Através do Mecanismo de Proteção Civil da UE, serão enviadas para a Líbia uma equipa médica de 53 pessoas, disponibilizada por França, abrigos, maquinaria pesada, uma equipa de mergulho, com dois barcos zodíaco e dois helicópteros de busca e salvamento -- tudo enviado por Itália -, e um equipa técnica com especialistas técnicos, incluindo peritos em TI, logística e cartografia dos Países Baixos, anunciou hoje o porta-voz da Comissão Europeia Balazs Ujvari.
A UE tinha já enviado abrigos, geradores, alimentos, tendas hospitalares e contentores de água, oferecidos pela Alemanha.
A todos estes bens e material junta-se uma verba inicial, anunciada na quarta-feira, de 500 mil euros, de ajuda de emergência.
O número de mortos na cidade líbia de Derna (leste) devido às inundações registadas entre domingo e segunda-feira, após a passagem da tempestade Daniel, pode aumentar para 20 mil, segundo um o autarca local.
A tempestade mediterrânica Daniel causou inundações devastadoras em muitas cidades no leste da Líbia na noite de domingo para segunda-feira, mas a destruição foi pior na cidade costeira de Derna, onde bairros inteiros desapareceram, após o colapso de duas barragens.
O primeiro-ministro do governo do leste da Líbia, Ossama Hamad, adiantou que muitos dos desaparecidos terão sido levados pelas águas depois de as duas barragens terem ruído na segunda-feira, libertando um total de 33 milhões de metros cúbicos de água.
Maioria dos mortos podia ter sido evitada, diz Organização Meteorológica Mundial
A maioria dos milhares de mortos nas inundações no leste da Líbia "poderia ter sido evitada" se houvesse organização das entidades de alerta e emergência do país, disse o líder da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Com uma melhor coordenação neste país devastado por uma grave crise política, "poderiam ter emitido avisos e os serviços de gestão de emergências poderiam ter retirado as pessoas, e poderia ter sido evitada a maior parte das perdas humanas", afirmou Petteri Taalas em conferência de imprensa realizada em Genebra, Suíça.
O líder daquela agência das Nações Unidas sublinhou ainda que o conflito interno que perturba o país há vários anos "destruiu, em grande parte, a rede de observação meteorológica" e os sistemas informáticos. "As inundações aconteceram e nenhuma evacuação foi feita porque os sistemas de alerta precoce que seriam apropriados não estavam a funcionar", disse.
Se as pessoas tivessem sido retiradas das zonas afetadas, o número de vítimas humanas teria sido muito menor, garantiu.
Ao contrário do que Peterri Taalas defende que devia ter sido feito, foi declarado um recolher obrigatório em várias cidades do leste do país, incluindo Derna, obrigando os cidadãos a ficar em casa. "É claro que não podemos evitar completamente as perdas económicas, mas também as poderíamos ter minimizado através da implementação de serviços apropriados", defendeu.
A Líbia está mergulhada num caos político e dilacerada por mais de uma década de guerra civil após a queda do ditador Muammar Kadhafi, no poder de 1969 a 2011 -, o que também contribuiu para esta catástrofe, devido à falta de manutenção das infraestruturas.
O país do Norte de África está dividido entre dois governos rivais: a administração internacionalmente reconhecida e mediada pela ONU, com sede na capital, Tripoli, a oeste, e uma administração separada na região oriental, afetada pelas cheias.
A tempestade mediterrânea Daniel, formou-se a 4 deste mês e causou mortes e destruição na Bulgária, Grécia e Turquia na semana passada, antes de chegar à Líbia.