A União Europeia considerou, esta terça-feira, que o acordo de paz para o leste da Ucrânia ainda não foi aplicado "corretamente" e optou por manter as sanções económicas aplicadas à Rússia.
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"Enquanto foram registados desenvolvimentos encorajadores no processo político e na aplicação de diversos aspetos do protocolo de Minsk (que prevê um cessar-fogo e um acordo de paz) permanecem por aplicar corretamente os pontos essenciais deste protocolo", indicou em comunicado o serviço diplomático da UE.
Os 28 Estados-membros da UE reforçaram em 12 de setembro, apesar de várias vozes dissonantes, as sanções contra a Rússia ao dificultarem o acesso das empresas russas aos mercados financeiros, uma medida que atinge em particular os bancos e as empresas das áreas da indústria da Defesa e setor petrolífero.
As restrições à emissão de vistos e o congelamento dos bens também permanecem em vigor contra 119 personalidades russas e ucranianas, e a 23 entidades acusadas de envolvimento no conflito na Ucrânia.
A UE solicitou ao serviço diplomático e à Comissão para apresentarem no final de setembro uma avaliação da situação que poderia -- caso fosse registada uma evolução positiva --, implicar o levantamento das sanções. Esta avaliação foi analisada hoje pelos 28 embaixadores dos países da União.
"A UE vai igualmente prosseguir o seu compromisso ativo com as partes para encontrar uma saída pacífica para a crise no leste da Ucrânia", adianta o comunicado. "Vai continuar a seguir de perto a evolução no terreno e avaliar a aplicação do protocolo de Minsk".
A UE confirmou ainda que "caso a situação no terreno o permita, a Comissão e o serviço diplomático serão convidados a apresentar ao Conselho [que representa os Estados] propostas para emendar, suspender ou abolir o pacote de sanções atualmente em vigor".
Fonte europeia citada pela agência noticiosa AFP admitiu que uma nova avaliação da situação poderá ser discutida durante a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, prevista para 20 de outubro no Luxemburgo.
O encontro vai decorrer nas vésperas da cimeira de chefes de Estado e de governo, agendada para 23 e 24 de outubro em Bruxelas.
A violência nas regiões separatistas diminuiu desde a instauração de um cessar-fogo em 5 de setembro, mesmo que as constantes violações da trégua tenham provocado desde essa data a morte de pelo menos 57 militares e civis, refere uma estimativa da AFP.
O prosseguimento dos combates pode no entanto colocar em dúvida a retirada das tropas do exército ucraniano e dos rebeldes pró-russos.
No âmbito do protocolo de Minsk, os beligerantes estão a tentar estabelecer uma zona tampão de 30 quilómetros ao longo da linha da frente, mas uma trégua total de 24 horas é considerada como uma pré-condição a esta movimentação.
Os separatistas ocupam uma zona de cerca de 230 quilómetros sobre 160 ao longo da fronteira russa, que segundo os analistas representa cerca de 3% do território da Ucrânia e 9% da sua população.