Uma fotomontagem do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, nu e coberto por um poster com dados sobre a covid-19 é o mote de uma campanha lançada esta segunda-feira pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para destacar a importância do jornalismo na pandemia.
Corpo do artigo
A campanha, chamada de "A verdade nua e crua" e produzida em conjunto pela RSF e a agência parisiense BETC, defende que "a dura realidade" deve ser mostrada como é e sem declarações "fantasiosas ou manipuladoras".
1363819550085697543
Segundo a RSF, a campanha "é uma forma simbólica de confrontar o Presidente Bolsonaro com a realidade nua e crua dos acontecimentos, enquanto acusa a imprensa do caos que vive o país para desviar a atenção da sua gestão desastrosa da crise sanitária".
A campanha também procura destacar a importância de conhecer os factos para entender a pandemia e poder enfrentá-la, valorizando a informação que chega à população brasileira graças ao trabalho dos jornalistas.
Com mais de 246 mil mortes e mais de 10 milhões de infeções por covid-19, o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia no mundo.
Apesar dos números, Bolsonaro é um dos poucos líderes a negar a gravidade da doença, que rotulou repetidamente de "gripe".
O Presidente brasileiro foi infetado pelo novo coronavírus no ano passado, superou a doença defendendo publicamente e repetidamente o uso da cloroquina, medicamento contra a malária cuja eficácia científica não foi comprovada contra a covid-19.
"Esta campanha intencionalmente chocante visa aumentar a consciência para reagir aos ataques permanentes de Bolsonaro na imprensa", disse Christophe Deloire, secretário-geral da RSF, citado em comunicado.
Segundo Deloire, os ataques do líder de extrema-direita não são apenas "moralmente intoleráveis", mas "perigosos" para a população brasileira que está "privada de informações vitais" sobre a pandemia.
Segundo o órgão de defesa da liberdade de imprensa, desde que Bolsonaro foi eleito Presidente em 2018 o trabalho da media brasileira tornou-se "particularmente complexo" e os jornalistas têm sido submetidos a "insultos, difamações, estigmatizações e humilhações".
Só em 2020, a maioria dos 580 ataques sofridos pelos media no Brasil vieram de Bolsonaro e dos seus filhos, segundo a RSF.