Um homem foi detido em Valladolid, Espanha, na posse de 46 mil ficheiros de pornografia infantil "muito violentos". Usava o nome e idade da sua filha menor numa rede privada de pedófilos e explicava aos outros como podiam violar as filhas. Mas, concluíram os investigadores, nunca abusou da sua - só tinha essa fantasia.
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A investigação, "muito complexa e longa", teve início em 2015 com uma denúncia da polícia suíça através da Interpol, sobre um utilizador de uma rede privada na internet (Darknet) que partilhava ficheiros com abusos graves contra crianças. Agora, a Polícia Nacional de Espanha anunciou a detenção de um homem, em Valladolid, na posse de 46 mil ficheiros com violações e abusos "muito violentos". "Algo surpreendente até para nós", confessaram investigadores do caso, citados pelo jornal "El Mundo".
O suspeito construiu uma complexa rede para ocultar a sua paixão: ficheiros de pornografia infantil e imaginar que abusava da própria filha. Roubou o serviço de internet aos vizinhos (wi-fi), instalou sistemas de eliminação automática do seu rasto online e ocultou as suas atividades através de aplicações encriptadas. Escondeu-se atrás de diferentes identidades e, assim, partilhou 46 mil ficheiros de pornografia desde Valladolid para todo o mundo. "Ensinava outros a violar as suas filhas e fazia a apologia do incesto", segundo os investigadores do caso. Assumia orgulho no sexo entre pai e filha, que justificava como a consumação maior e essencial do amor entre ambos.
"Costumamos ver coisas violentas com crianças, dos zero aos sete anos de idade. Este caso foi diferente, devido à natureza muito violenta do que foi encontrado", explicam os investigadores.
Mas o homem cometeu uma "falha": usou o nome e idade verdadeiros da própria filha quando fazia relatos de abusos sexuais aos outros. Foi a "peça" que faltava neste "puzzle" complexo para a Unidade de Cibersegurança da Polícia Nacional identificar o suspeito e o deter.
Apesar dos milhares de ficheiros de pornografia infantil que possuía e dos relatos de abusos à filha que descrevia na rede de pedófilos, concluiu-se que nunca abusou da menina, através de exames médicos realizados à menor - o casal está divorciado e é a mãe que tem a custódia da criança. Esses abusos que descrevia só existiam na sua imaginação. "Era para ele uma grande fantasia", revelaram aos agentes da Polícia Nacional.