Sindicatos, partidos da oposição e grupos da sociedade civil na Hungria estão a lançar uma vaga de protesto contra as medidas de austeridade e a nova e controversa Constituição sugerida pelo primeiro-ministro Viktor Orban.
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Os guardas prisionais húngaros juntam-se hoje ao movimento, depois de na quarta-feira cerca de 50 militares de carreira, com salários particularmente baixos no país, terem realizado uma manifestação contra a decisão do governo em retirar-lhes a reforma antecipada, o seu último privilégio.
Os bombeiros têm prevista para sexta-feira uma concentração frente ao parlamento, na véspera de um dia nacional de protesto agendado para sábado e que será dirigido contra o projecto da nova Constituição.
Os partidos da oposição verde-esquerda (LMP), socialista (MSZP) e inclusive a Carta democrática, uma ONG próxima dos socialistas e liderada pelo antigo primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany, também aderem à mobilização destinada a protestar contra o que já denominam como "constituição monopartidária".
Os civis pela liberdade de imprensa, que conseguiram reunir dezenas de milhares de pessoas contra a nova e contestada lei dos media elaborada pelo governo conservador húngaro, também estão a convocar duas manifestações para 18 de abril, o dia do voto no parlamento da nova Constituição, com um dos protestos na basílica Santo Estêvão para celebrar "os funerais da democracia".
Para os críticos, o texto, baptizado pelos media "Constituição Orban", constitui um atentado às liberdades e uma forma de o primeiro-ministro reforçar o seu poder e a influência da União Cívica Húngara (Fidesz, direita nacionalista), o partido que dirige.
A actual Constituição foi redigida em 1949 mas foi substancialmente alterada após a queda do regime comunista em 1989.
Viktor Orban justificou a elaboração no novo texto por considerar que o actual "não é a Constituição da Hungria mas foi antes elaborado sob o modelo soviético".