Várias pessoas morreram, esta terça-feira, durante combates entre as forças especiais ucranianas e as milícias pró-russas num aeródromo da cidade de Kramatorsk, na região de Donetsk (leste da Ucrânia).
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"Sim, há mortos", assegurou em declarações à agência ucraniana UNN um porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, que tinha anteriormente divulgado uma "operação especial" para libertar o aeródromo do controlo dos grupos pró-russos.
Após a conclusão da operação, o presidente ucraniano interino, Olexandre Tourtchinov, anunciou que "forças especiais tinham libertado o aeródromo dos terroristas".
Entretanto, a comunicação social russa, que cita fontes das milícias pró-russas de Kramatorsk, informaram que os combates fizeram entre quatro a 11 vítimas mortais entre os ativistas separatistas.
"No aeródromo há quatro mortos e dois feridos entre as milícias [pró-russas]. Os combates terminaram. As milícias recuaram. A parte ucraniana assumiu o controlo do aeródromo", afirmou um porta-voz dos ativistas, citado pela agência russa estatal Ria Novosti.
O canal de televisão Rússia 24 entrevistou outro porta-voz das milícias pró-russas que assegurou que caças ucranianos abriram fogo contra civis que cercavam o aeródromo para alegadamente convencer os soldados ucranianos a mudarem de fação.
"Os militares abriram fogo contra eles. Dois minutos depois, os caças descolaram e começaram a disparar contra os civis de uma altura de 10 metros", disse Pavel Petrov, porta-voz pró-russo.
Uma fonte militar assegurou ao diário online Ukrainskaya Pravda que os caças, que estavam estacionados no aeródromo, "descolaram porque não se sabia como ia acabar o assalto e tinham de ser protegidos, por isso levantaram voo".
O chefe da operação antiterrorista lançada no domingo pelas autoridades ucranianas, general Valeri Krutov, advertiu hoje as milícias pró-russas de que "não vão existir mais ultimatos" e que o exército ucraniano "irá combater os invasores estrangeiros".
"Os ultimatos são assuntos de civis. Isto é uma operação militar", disse Krutov.
Uma grande parte do leste da Ucrânia, de maioria russófona e na fronteira com a Rússia, enfrenta há vários dias uma insurreição armada pró-russa.
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, afirmou hoje que a Ucrânia está à beira de uma guerra civil.
"Serei breve: a Ucrânia está à beira da guerra civil, é assustador", disse o primeiro-ministro e ex-presidente da Rússia, citado pelas agências russas.
Medvedev acrescentou ter esperança de que "as autoridades 'de facto'" da Ucrânia não permitam "este tipo de terrível perturbação".
A Rússia não reconhece o governo de Kiev, apoiado pelos países ocidentais, que assumiu o poder durante a crise que levou à destituição do presidente ucraniano Viktor Ianukovitch, considerado pró-russo.