Vaticano sobre o poliamor, adultério e divórcio: "O amor não pode ser reduzido a um impulso"

Documento foi aprovado pelo Papa Leão XIV
Foto: Riccardo Antimiani/EPA
Um documento de 40 páginas publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé do Vaticano e aprovado por Leão XIV reafirmou que o matrimónio é uma união "única e exclusiva" entre um homem e uma mulher.
Intitulado "Una Caro (One Flesh): In Praise of Monogamy: Doctrinal Note on the Value of Marriage as an Exclusive Union and Mutual Belonging" ("Uma só Carne": Em Louvor à Monogamia: Nota Doutrinária sobre o Valor do Matrimónio como União Exclusiva e Pertença Mútua, em tradução livre), a nota é uma resposta a questões levantadas recentemente por bispos africanos sobre a poligamia, amplamente praticada entre os seus fiéis.
O documento reafirma o valor do casamento monogâmico entre um homem e uma mulher, entendido como uma união vitalícia entre os cônjuges e sublinha que a unidade dentro de um casamento monogâmico "pode ser definida como a união única e exclusiva entre uma mulher e um homem, ou seja, como a pertença mútua dos dois, que não pode ser partilhada com outros".
A nota do Vaticano deixa claro que a poligamia, o adultério ou o poliamor, ou seja, ter múltiplos relacionamentos estáveis ao mesmo tempo, "baseiam-se na ilusão de que a intensidade do relacionamento pode ser encontrada na sucessão de rostos", mas enfatiza que "multiplicar rostos numa suposta união total significa fragmentar o significado do amor conjugal".
"A nossa época, de facto, está a vivenciar várias tendências no que diz respeito ao amor: o aumento dos divórcios, a fragilidade das uniões, a banalização do adultério, a promoção do poliamor", continua o documento. "O universo das redes sociais, onde a modéstia se esvai e a violência simbólica e sexual prolifera, demonstra a necessidade urgente de uma nova pedagogia", porque "o amor não pode ser reduzido a um impulso: exige sempre a responsabilidade e a capacidade de esperança da pessoa na sua totalidade".

