
Ministro da Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, numa conferência de Imprensa a rejeitar que o país seja um dos maiores responsáveis pelo tráfico de droga para os EUA
Juan Barreto / AFP
A Venezuela anunciou nesta segunda-feira o envio de 15 mil operacionais das suas forças de segurança à fronteira com a Colômbia para operações contra o narcotráfico, num momento em que os Estados Unidos acusam o presidente Nicolás Maduro de chefiar um cartel de drogas.
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Três contratorpedeiros lança-mísseis americanos devem posicionar-se em águas internacionais nos próximos dias, junto à costa da Venezuela, para operações que Washington afirma serem contra o narcotráfico internacional. Maduro, no entanto, denuncia uma "ameaça" e abriu o alistamento militar para ampliar as suas fileiras.
"Vão 15 mil homens e mulheres bem armados, bem treinados e bem preparados para reforçar toda a zona binacional", disse Maduro no seu programa semanal de televisão. "A Venezuela é território limpo e livre do narcotráfico".
"A Venezuela é território (...) livre de plantações de folhas de coca, livre!, livre de produção de cocaína", insistiu.
O presidente sul-americano também afirmou que o seu governo mantém comunicação com as autoridades colombianas.
A mobilização coincide com a acusação americana contra Maduro e colaboradores próximos do seu governo, como o seu ministro do Interior, Diosdado Cabello, de pertencer a uma suposta organização de narcotráfico chamada Cartel de los Soles.
Washington oferece 50 e 25 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros e 21 milhões de euros), respectivamente, por informações que levem à captura de ambos.
"Por que não deslocam para aqui as suas frotas, os seus aviões para lutar contra os 87% da droga que sai da Colômbia?", questionou Cabello horas antes, enquanto apontava para o Oceano Pacífico no mapa e citava números de um relatório das Nações Unidas. "Eles deslocam e estão preocupados com de onde supostamente sai 5%".
"Aqui, sim, combatemos o narcotráfico, aqui, sim, combatemos as narcoquadrilhas em todos as frentes", acrescentou, após anunciar a apreensão de 52,7 toneladas de drogas no que vai do ano, entre 70% e 80% do que, segundo ele, é traficado através da Venezuela.
A vice-presidente e a ministra de Hidrocarbonetos, Delcy Rodríguez, classificou como "agressão psicológica" a chegada dos navios americanos ao Caribe.
"Todos os dias atentos a um barco, e a verdade é que os barcos que estão a sair são os de petróleo, alguns deles saíram da Chevron para os Estados Unidos da América do Norte", afirmou em referência à retomada das operações do gigante energético no país caribenho.
A autorização chegou de surpresa no fim de julho, apesar da negativa de Washington em renovar uma licença que permite explorar petróleo, mesmo diante do embargo vigente desde 2015.
