A Venezuela afirmou esta quarta-feira que vai escoltar com a Marinha e a Força Aérea os petroleiros iranianos a caminho do país liderado por Nicolás Maduro, depois de Teerão ter alertado para possíveis interferências dos EUA.
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"Estamos prontos para o que quer que seja, sempre", disse o presidente Nicolás Maduro à cadeia de televisão estatal, agradecendo "todo o apoio" do seu aliado no Oriente Médio.
A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, mas a sua capacidade de refinar petróleo em gasolina é limitada.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sanções unilaterais destinadas a acabar com as exportações de petróleo do Irão e da Venezuela, os dois principais produtores de petróleo.
No início de abril, os militares dos EUA disseram estar a aumentar a vigilância e a enviar navios de guerra para águas internacionais, perto da Venezuela, argumentando que houve um aumento do crime organizado.
Este mês, a Marinha norte-americana publicou fotografias das operações de segurança que estão em curso nas Caraíbas.
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Agora, há cinco navios-tanque iranianos - "Clavel", "Forest", "Fortune", "Faxon" e "Petunia" - em navegação até serem recebidos e protegidos pelos navios e aviões de guerra venezuelanos, assim que entrarem na zona económica exclusiva do país, a 200 milhas marítimas da costa.
Os EUA admitem estar a seguir as ações iranianas "com preocupação", afirmou o almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul norte-americano.
A agência de notícias iraniana "Fars News" afirmou que quatro navios da Marinha dos EUA estão nas Caraíbas para um "possível confronto com os navios-tanque do Irão".
O ministro das Relações Internacionais do Irão, Mohammad Javad Zarif, alertou Washington contra o desdobramento de sua marinha para interromper o transporte de combustível e enviou uma carta de preocupação ao secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre o assunto, considerando que qualquer ação desse tipo seria "ilegal e uma forma de pirataria".
O combustível iraniano chega quando a Venezuela enfrenta uma escassez grave de gasolina, à medida que o país tenta os casos de infeção da nova pandemia de coronavírus.
A economia da Venezuela está em queda livre, com milhões de pessoas a tentar sair do país por falta de bens básicos.
"Ouro de sangue" por ouro negro
Os EUA têm vindo a veicular a tese de que o governo de Maduro está a pagar ao Irão toneladas de ouro pelo combustível.
Ouro que segundo o líder da oposição e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, foi extraído ilegalmente de minas no sul do país. "Eles estão a pagar essa gasolina com ouro de sangue", disse Guaidó, que se mostra preocupado com "a presença iraniana em solo venezuelano".
O Irão sempre expressou o seu apoio ao regime de Maduro, que também conta com o apoio da Rússia, China, Turquia e Cuba.
Teerão e Caracas estabeleceram laços estreitos durante o governo de Hugo Chávez.