O vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, não se comprometeu com uma transferência pacífica de poder caso o oponente do Presidente Donald Trump, o candidato democrata Joe Biden, vença as presidenciais de 3 de novembro.
Corpo do artigo
"Em primeiro lugar, penso que vamos vencer esta eleição", afirmou Pence, durante o único debate de candidatos à vice-presidência, que terminou hoje de madrugada em Salt Lake City, Utah.
A moderadora Susan Page tinha questionado o vice-Presidente e candidato republicano sobre qual será o seu papel no caso de o Presidente norte-americano, Donald Trump, se recusar a aceitar uma derrota nas eleições.
"Quando se fala em aceitar o resultado de uma eleição, o vosso partido passou os últimos três anos e meio a tentar anular os resultados da última eleição. É incrível", disse Pence, numa referência ao processo de destituição aberto pelos democratas no final de 2019, e à investigação do procurador especial Robert Mueller.
Mike Pence afirmou que acredita numa vitória porque "o Presidente Donald Trump lançou um movimento de americanos de todos os tipos" e serão os mesmos eleitores que lhe deram a vitória em 2016 que o reconduzirão à Casa Branca, em 3 de novembro.
"O movimento só se tornou mais forte", considerou Pence.
O vice-Presidente também abordou a questão da integridade dos votos por correspondência, que Donald Trump tem acusado de conduzirem a fraudes em massa.
"Eu e o Presidente Trump estamos a lutar diariamente nos tribunais para evitar que Joe Biden e Kamala Harris mudem as regras e criem uma votação postal universal, que irá criar uma oportunidade maciça para fraude eleitoral", afirmou.
Quando questionada sobre o que fará se Biden ganhar e Trump se recusar a sair da Casa Branca, a candidata democrata à vice-presidência também foi pouco clara. Kamala Harris optou por apelar aos cidadãos para que não deixem de ir votar, que façam um plano para garantirem que o voto é contado nestas eleições.
"Temos o poder de tomar a decisão sobre qual será o caminho do nosso país pelos próximos quatro anos", disse Harris. "Vamos ganhar e não vamos deixar ninguém subverter a nossa democracia", continuou, acusando Trump de ter tentado "suprimir o voto" abertamente com as declarações que fez na discussão com Joe Biden.
Num debate histórico, e na primeira vez que uma mulher de origem indiana e jamaicana enfrenta o vice-Presidente como candidata ao cargo, Kamala Harris e Mike Pence deixaram claro que as suas plataformas são diametralmente opostas.
A discussão foi mais centrada em políticas concretas que o debate entre Biden e Trump e centrou-se na pandemia de covid-19, nos planos económicos e na recessão causada pela emergência sanitária, na reforma da polícia, no Tribunal Supremo e na crise climática.
Nesta última questão, Mike Pence caracterizou a abordagem da atual administração como baseada na ciência, algo que Kamala Harris disse ser o oposto da realidade.
"O clima está a mudar. A questão é qual a causa e o que faremos sobre isso", disse Pence.
"O Presidente Trump deixou claro que vamos continuar a ouvir a ciência", acrescentou o governante, que aproveitou para criticar as medidas "verdes" defendidas pelos democratas, dizendo que o "Green New Deal" ia "esmagar a indústria energética" do país e acabar com os empregos de muitos norte-americanos.
Pelo contrário, argumentou Harris, o plano de Biden vai criará muitos novos empregos nas energias renováveis e sustentáveis.
Mike Pence também criticou o passado de Kamala Harris como procuradora distrital de São Francisco e procuradora-geral da Califórnia, dizendo que não conseguiu implementar qualquer reforma no sistema de justiça criminal.
Em resposta, Harris disse que não aceitava lições de Pence nesta matéria. A candidata enumerou algumas reformas e salientou ser a única pessoa em palco com experiência de procuradora.
"O trabalho que fiz como procuradora-geral é um modelo daquilo que a nação precisa de fazer", declarou.
Durante hora e meia de debate, moderado pela jornalista do USA Today Susan Page, Pence interrompeu Harris algumas vezes, levando-a a reclamar que ele a deixasse acabar de falar. No entanto, o tom da discussão foi bastante menos acintoso que o debate que opôs os candidatos à Casa Branca, Donald Trump e Joe Biden, em 29 de setembro.
Os próximos debates entre Biden e Trump são a 15 e 22 de outubro. Apesar da doença do Presidente, nenhum foi desmarcado.