O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, considerou “uma vergonha” a Marcha do Orgulho Gay, que reuniu no sábado nas ruas de Budapeste dezenas de milhares de pessoas, apesar da proibição da polícia.
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“Eu sou daqueles que não consideram o que aconteceu como motivo de orgulho. [...] Eu digo que é uma vergonha”, afirmou Orbán, de acordo com trechos publicados na rede social Facebook de uma entrevista televisiva a transmitir esta noite.
Liderada pelo presidente da câmara ecologista da capital, uma multidão imensa desfilou num ambiente festivo, desafiando um retrocesso sem precedentes dos direitos LGBT+ na UE.
Os organizadores estimaram em cerca de 200 mil o número de participantes, uma mobilização sem precedentes desde a criação do Orgulho Gay húngaro nos anos de 1990.
O Governo acusou a oposição de, “por ordem de Bruxelas”, “incitar à violação das leis de que não gosta, de zombar da soberania da Hungria e, com o apoio do estrangeiro, de tentar impor a cultura ‘woke’ [de atenção e consciencialização sobre desigualdades sociais e raciais]” .
No poder desde 2010, Viktor Orbán, defensor do “iliberalismo”, não parou de restringir os direitos das pessoas LGBT+ em nome da “proteção das crianças” e deu um passo decisivo este ano ao aprovar uma nova legislação, que suscitou preocupação em Bruxelas e entre os Estados-membros da UE.
O texto, aprovado em meados de março, visa proibir qualquer manifestação que exponha menores à homossexualidade e à transidentidade.
Além disso, o Parlamento alterou a Constituição para proclamar “a primazia do direito das crianças a um desenvolvimento físico, mental e moral correto sobre qualquer outro direito”.
Várias câmaras de vigilância foram instaladas antes da marcha e o reconhecimento facial pode permitir às autoridades aplicar multas de até 500 euros, enquanto organizar ou convocar a participação na marcha é punível com um ano de prisão.
A polícia de Budapeste, a quem a câmara municipal agradeceu por ter supervisionado a marcha, “está atualmente a investigar os acontecimentos”, de acordo com uma declaração enviada à agência de notícias France-Presse.
Na passada sexta-feira, Orbán descartou qualquer intervenção das forças da ordem, ao mesmo tempo que ameaçou gays, lésbicas, transgéneros e todos os outros participantes com consequências legais "a posteriori".