A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa afirmou, esta quinta-feira, que as violações do cessar-fogo no leste da Ucrânia aumentaram significativamente nas últimas semanas, com a violência naquela região a atingir novamente "níveis preocupantes".
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"Durante as últimas semanas, [a OSCE] constatou o maior número de violações do cessar-fogo em meses", disse o chefe da missão de observação da organização, Ertugrul Apakan, durante uma reunião da OSCE em Viena, Áustria.
"Muitas armas que estavam em armazéns e depósitos estão a ser novamente utilizadas na linha de contacto", precisou Ertugrul Apakan, indicando ainda que "a artilharia e os morteiros, proibidos pelos acordos de Minsk [para a paz na Ucrânia e concluídos em fevereiro de 2015], estão a ser novamente utilizados com mais frequência".
O conflito no leste ucraniano já fez perto de 9200 mortos
As autoridades rebeldes pró-russas anunciaram na quarta-feira a morte de quatro civis, incluindo uma grávida, no bombardeamento a um posto de controlo das forças separatistas em Olenivka, na linha da frente no leste da Ucrânia.
Num relatório publicado na quarta-feira, a missão de observadores da OSCE deu conta de "600 explosões" registadas recentemente na região de Donestk, designada como a capital rebelde.
A organização denunciou hoje que os "ataques" têm visado funcionários e material da sua missão de observação, lamentando a ausência de preocupação por parte dos autores destes atos de violência.
"Todas as partes devem respeitar o cessar-fogo" planeado durante os acordos de Minsk (Bielorrússia), recordou Martin Sajdik, o representante da OSCE no grupo de contacto sobre a Ucrânia, que também integra representantes russos e ucranianos.
Moscovo e Kiev estão envolvidos numa crise sem precedentes desde que as forças pró-ocidentais chegaram ao poder na Ucrânia no início de 2014.
A situação entre os dois países agravou-se com a anexação russa da península da Crimeia, concretizada após um referendo fortemente contestado, e com o conflito com os separatistas pró-russos, grande parte nostálgicos da época da antiga União Soviética, na região leste da Ucrânia.
O conflito no leste ucraniano, o mais sangrento na Europa desde a guerra dos Balcãs na década de 1990, já fez perto de 9200 mortos e cerca de 20 mil feridos desde abril de 2014.
Apesar da trégua, incidentes violentos ocorrem com bastante frequência na zona de guerra, mas as fações envolvidas no conflito rejeitam qualquer responsabilidade.