Viveram em tenda ao frio: aristocrata britânica e companheiro condenados pela morte da filha recém-nascida
Uma mulher de uma família aristocrática e o seu companheiro foram condenados, esta segunda-feira, por homicídio voluntário após a morte da filha recém-nascida enquanto viviam numa tenda em temperaturas gélidas e sem acesso à rede elétrica.
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Constance Marten, de 38 anos, e Mark Gordon, de 51, foram detidos após uma busca policial de sete semanas, em janeiro e fevereiro de 2023, durante a qual passaram algum tempo a viver numa tenda.
A dupla foi condenada no tribunal de Old Bailey, em Londres, onde enfrentou um novo julgamento depois de outro júri, no ano passado, não ter conseguido chegar a um veredicto sobre a acusação de homicídio voluntário. No julgamento anterior, o casal foi considerado culpado de obstrução à justiça, ocultação do nascimento de uma criança e prática de crueldade infantil.
Marten e Gordon, que negaram todas as acusações, fugiram depois de a polícia ter encontrado uma placenta no seu carro incendiado perto de uma autoestrada nos arredores de Manchester, no noroeste de Inglaterra. Marten tinha dito ao tribunal que fugiram porque queriam ficar com a filha Victoria, depois de os seus outros quatro filhos terem sido retirados do casal.
O casal acabou por ser detido quase dois meses depois, em Brighton, na costa sul de Inglaterra. Dias depois, o corpo em avançado estado de decomposição da bebé Victoria foi encontrado num saco de compras numa horta. Marten disse à polícia que Victoria morreu ao adormecer na tenda, enquanto a segurava por baixo do casaco.
Ao testemunhar no primeiro julgamento, Marten, cuja família tem laços históricos com a família real, insistiu que ela e Gordon eram pais extremosos. "O Mark e eu amamos os nossos filhos mais do que tudo no Mundo", disse ao tribunal. "Não fiz mais nada além de demonstrar amor por ela".
Pai condenado por violação aos 14 anos
Os jurados do primeiro julgamento, em 2024, não foram informados sobre o passado violento de Gordon nos EUA, que só foi parcialmente revelado no segundo julgamento. A acusação informou o tribunal que, em 1989, Gordon, então com 14 anos, manteve uma mulher contra a sua vontade na Florida durante mais de quatro horas e violou-a, armado com uma "faca e tesoura de podar". Num mês, invadiu outra propriedade e cometeu outro crime que envolvia agressão agravada. Foi condenado a 40 anos de prisão, mas foi libertado após cumprir 22 anos.
Em 2017, Gordon foi também condenado por agredir duas polícias numa maternidade no País de Gales, onde Marten deu à luz o seu primeiro filho sob uma identidade falsa.
Lewis Basford, da Polícia Metropolitana, celebrou o veredicto desta segunda-feira. "Hoje, a justiça pela qual lutamos há tanto tempo foi finalmente feita pela bebé Victoria", disse. "As ações egoístas de Mark Gordon e Constance Marten resultaram na morte de uma recém-nascida que deveria ter o resto da vida pela frente".
Marten e Gordon serão sentenciados a 15 de setembro.