O presidente norte-americano Donald Trump pediu, esta quinta-feira, a Vladimir Putin que suspenda os ataques à Ucrânia, numa rara reprimenda ao líder russo depois de Moscovo ter disparado uma série de mísseis e drones contra Kiev, matando pelo menos 10 pessoas no ataque mais mortífero à capital em meses.
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O apelo direto a Putin surgiu após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter pedido aos seus aliados que pressionassem mais a Rússia para travar a sua invasão. O líder ucraniano encurtou uma viagem à África do Sul para lidar com as consequências dos ataques mortais, os mais recentes de uma onda de ataques aéreos russos em grande escala que mataram dezenas de civis.
"Não estou feliz com os ataques russos em Kiev", disse Trump nas redes sociais. "Desnecessário e o timing é péssimo. Vladimir, PARE!" disse. "Vamos CONCLUIR o acordo de paz!"
O enviado de Trump, Steve Witkoff, deverá chegar à Rússia esta semana, onde deverá falar com Putin sobre um possível acordo, o quarto desde que Trump regressou à Casa Branca, em janeiro.
A Ucrânia foi fustigada com ataques aéreos durante os três anos da invasão da Rússia, mas os ataques mortíferos em Kiev, melhor protegida pelas defesas aéreas do que outras cidades, são menos comuns.
Os ataques lançaram mais dúvidas sobre os esforços dos EUA para pressionar a Rússia e a Ucrânia a concordarem com um cessar-fogo, tendo Trump criticado Zelensky esta semana por não estar disposto a aceitar a ocupação russa da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014. "Fazemos tudo o que os nossos parceiros propuseram, apenas o que contradiz a nossa legislação e a Constituição não podemos fazer", disse Zelensky aos jornalistas na África do Sul em resposta a uma pergunta sobre a Crimeia.
Zelensky questionou ainda se os aliados de Kiev estavam a fazer o suficiente para forçar Putin a concordar com um cessar-fogo total e incondicional. "Não vejo nenhuma pressão forte sobre a Rússia ou quaisquer novos pacotes de sanções contra a agressão russa", disse Zelensky, sublinhando que Trump já tinha alertado para repercussões caso Moscovo não aceitasse interromper os combates. "Os ataques devem ser interrompidos imediata e incondicionalmente", disse Zelensky, considerando o ataque aéreo da manhã de quinta-feira "um dos mais sofisticados e descarados" de toda a guerra.
Na quarta-feira, Trump acusou Zelensky de frustrar os esforços de paz ao descartar o reconhecimento da reivindicação da Rússia sobre a Crimeia, um território que o presidente dos EUA disse ter sido "perdido há anos".
A Rússia anexou a península do Mar Negro em 2014 e depois apoiou os rebeldes no leste da Ucrânia.
Ataques mortais
Fortes explosões soaram sobre a capital ucraniana esta madrugada depois de sirenes de ataque aéreo terem soado em Kiev. A Rússia disparou pelo menos 70 mísseis e 145 drones contra a Ucrânia entre a noite de quarta-feira e o início de quinta-feira, tendo como alvo principal Kiev, informou a força aérea ucraniana. As equipas de resgate disseram na tarde de quinta-feira que 10 pessoas morreram e 90 ficaram feridas.
A Rússia disse que tinha como alvo a indústria de defesa da Ucrânia, incluindo plantas que produziam "combustível para foguetes e pólvora".
O exército de Moscovo lançou alguns dos seus ataques aéreos mais mortíferos na Ucrânia no último mês, desafiando a pressão de Trump para pôr fim rápido ao derramamento de sangue. Um ataque com míssil balístico no centro da cidade de Sumy, no nordeste do país, matou pelo menos 35 pessoas no dia 13 de abril.
Um ataque à cidade natal de Zelensky, Kryvyi Rig, no início de abril, matou pelo menos 19 pessoas, incluindo nove crianças, depois de um míssil ter atingido uma zona residencial perto de um parque infantil.