Portugueses que vivem em Macau e que estavam de férias ficaram retidos nas Filipinas em consequência dos vários voos cancelados na última semana por causa das medidas de combate ao novo coronavírus.
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"No nosso voo para Macau estavam, no mínimo, 12 portugueses", disse à agência Lusa Liliana Lino, 30 anos, que no domingo devia ter entrado num avião com destino à região autónoma chinesa.
Liliana encontrava-se de férias com mais dois amigos portugueses, também residentes em Macau, e já tinha sido notificada pela companhia aérea de "que os voos para Macau, Hong Kong e China continental iam ser reduzidos a partir de dia 3 de fevereiro", só esta segunda-feira. Por isso "estava descansada", frisou a designer de interiores.
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Acontece que, no domingo, as Filipinas registaram a primeira morte por coronavírus fora da China, o que levou as autoridades filipinas a apertarem ainda mais as medidas de segurança, que incluem a proibição de voar para a China.
Liliana conseguiu arranjar um voo para Macau na madrugada de quarta-feira, a partir de Manila, e espera poder regressar ao trabalho, que já foi adiado pelo menos dois dias devido a estes constrangimentos. A esperança é que o voo "não seja cancelado em cima da hora novamente".
Também Tiago Miranda, jurista português residente em Macau, que foi às Filipinas com a namorada "aproveitar alguns feriados e fugir à confusão geralmente instaurada durante o período do Ano Novo Chinês", também viu o seu voo ser cancelado no domingo. Os dois partiram de Macau, no dia 24 de janeiro, "vestidos a rigor com máscara na cara e pulverizados de desinfetante", contou.
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"A ida correu conforme planeado, embora tenhamos sentido alguns cuidados redobrados no aeroporto - a esmagadora maioria das pessoas usava máscara e mediram-nos a febre à entrada do controlo de bagagem", disse o português, acrescentando ainda que à chegada a Cebu, Filipinas, foram avaliados por uma máquina que media a temperatura.
No dia do suposto regresso, iam apanhar o avião de Manila com destino a Macau e foram "informados pela companhia aérea de que todos os voos tinham sido cancelados a partir daquele momento, sem quaisquer perspetivas de retomar o normal funcionamento".
"Fomos então aconselhados pela própria companhia aérea a procurar voos noutras companhias cujo funcionamento ainda não tinha sido afetado, à medida que a confusão no aeroporto se instalava e as alternativas de voos reduziam drasticamente (enquanto os preços disparavam a cada minuto)", contou o jurista, de 27 anos, esperando que não haja mais imprevistos daqui em diante.
As autoridades de Macau anunciaram, no domingo, o oitavo caso de novo coronavírus no território, o primeiro caso de infeção de um habitante de Macau, já que todos os outros contaminados pelo vírus são da cidade chinesa de Wuhan, centro do surto. A China elevou para 362 mortos e mais de 17 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado pelo 2019-nCoV.