Uma nova imagem da sonda orbital Mars Odyssey da NASA, lançada em 2001, mostra um dos maiores vulcões do Planeta Vermelho, o Arsia Mons, a espreitar através de uma cobertura de nuvens de gelo ao amanhecer.
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O Arsia Mons e outros dois vulcões formam o que é conhecido como Tharsis Montes, que normalmente são cercados por nuvens de gelo (em oposição às nuvens de dióxido de carbono, igualmente comuns em Marte), especialmente no início da manhã. Esta imagem marca a primeira vez que um dos vulcões foi fotografado no horizonte do planeta, oferecendo a mesma perspetiva de Marte que os astronautas têm da Terra ao observá-lo da Estação Espacial Internacional.
Lançada em 2001, a Odyssey é a missão de maior duração a orbitar outro planeta, e esta descoberta representa o tipo de investigação científica que a sonda iniciou em 2023, quando captou a primeira de quatro imagens de alta altitude do horizonte marciano. Para obtê-las, a espaçonave gira 90 graus enquanto está em órbita para que a sua câmara, projetada para estudar a superfície marciana, possa captar a imagem.
O ângulo permite que os cientistas vejam as camadas de nuvens de poeira e de gelo, enquanto a série de imagens permite observar mudanças ao longo das estações.
"Estamos a observar diferenças sazonais realmente significativas nessas imagens do horizonte", disse o cientista planetário Michael D. Smith, do Centro de Voos Espaciais Goddard, em comunicado. "Isso dá-nos novas pistas sobre como a atmosfera de Marte evolui ao longo do tempo."
Compreender as nuvens de Marte é particularmente importante para entender o clima do planeta e como fenómenos como tempestades de poeira ocorrem. Essas informações, por sua vez, podem beneficiar missões futuras, incluindo operações de entrada, descida e aterragem.
Nove mil metros acima do antigo fundo do mar
Embora estas imagens se concentrem na atmosfera superior, a equipa da Odyssey também tentou incluir características interessantes da superfície. Na imagem final do horizonte da Odyssey, captada em 2 de maio de 2025, o Monte Arsia eleva-se a 20 quilómetros, aproximadamente o dobro da altura do maior vulcão da Terra, Mauna Loa, que se eleva 9 quilómetros acima do fundo do mar.
O Monte Arsia, o mais ao sul dos vulcões Tharsis, é o mais nublado dos três. As nuvens formam-se quando o ar se expande à medida que sobe pelas encostas das montanhas e depois esfria rapidamente. Elas são especialmente densas quando Marte está mais distante do Sol, um período chamado afélio. A faixa de nuvens que se forma ao longo do equador do planeta nesta época do ano, chamada de cinturão de nuvens do afélio, exibi-se nesta nova panorâmica da Odyssey.
"Escolhemos Arsia Mons na esperança de ver o cume surgir entre as nuvens da manhã. E não ficamos decepcionados", disse Jonathon Hill, da Universidade Estadual do Arizona em Tempe, chefe de operações da câmara do Sistema de Imagens de Emissão Térmica (THEMIS) da Odyssey.
A THEMIS pode observar Marte tanto na luz visível quanto na infravermelha. Esta última permite que os cientistas identifiquem áreas subterrâneas contendo gelo de água, que poderiam ser usadas pelos primeiros astronautas a pousar em Marte. A câmara também pode captar imagens das pequenas luas marcianas Fobos e Deimos, permitindo que os cientistas analisem a composição da sua superfície.