O anúncio de que a Rússia vai instalar mísseis antiaéreos na sua base em Hmeimim, na Síria, levanta "sérias preocupações" nas forças militares norte-americanas, disse um alto funcionário dos Estados Unidos sob anonimato.
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Moscovo anunciou o envio dos sistemas de defesa antiaérea S-400 para a base de Latakia (oeste da Síria), sendo que os mísseis em causa, com um alcance de 400 quilómetros, representam uma ameaça potencial para as aeronaves da coligação liderada pelos EUA.
"Este é um poderoso sistema de armas e representa uma ameaça significativa para todo o mundo", lamentou um responsável militar dos Estados Unidos, acrescentando existirem "sérias preocupações sobre as operações aéreas na Síria".
Os EUA lideram uma coligação que tem vindo a bombardear posições do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, enquanto a Rússia tem alargado os seus ataques aos opositores do regime do presidente Bashar al-Assad, que colhe a simpatia russa mas não a norte-americana.
A Rússia e os EUA chegaram a acordo sobre um mínimo de cooperação, com vista a evitar acidentes entre pilotos dos respetivos países, mas a perspetiva de baterias de mísseis antiaéreos na Síria não tranquiliza o Pentágono.
Outro funcionário dos EUA, também falando sob anonimato, disse que os mísseis russos não devem afetar os voos da coligação: "Não vamos interferir nas operações da Rússia e eles não perturbarão as nossas. Não há razão para apontarmos uns para os outros".
O funcionário também fez notar que a Rússia entregou mais de 30 tanques T-90 e T-72 em Latakia, não sendo claro se serão usados pelas forças russas ou colocados à disposição do exército sírio.
O anúncio da implantação dos mísseis surge após aviões de guerra turcos terem abatido, na terça-feira, um caça-bombardeiro russo na fronteira com a Síria, com Ancara a alegar que se tratava de espaço aéreo turco e Moscovo a garantir que a aeronave foi atingida em céu sírio.