West Point: Quando copiar num teste de matemática é um problema de segurança nacional
Mais de 70 cadetes da norte-americana West Point copiaram numa prova de matemática, durante a pandemia. Este é já considerado o maior escândalo académico, desde os anos 70, na principal academia militar dos EUA.
Corpo do artigo
Os 73 cadetes - 72 do primeiro ano e um do segundo - foram acusados de violar o Código de Honra dos Cadetes de West Point num exame de matemática realizado remotamente em maio, quando se encontravam a estudar à distância devido à pandemia. A maioria admitiu ter copiado na prova. Os instrutores ficaram desconfiados ao aperceberem-se de irregularidades enquanto reviam as provas de cálculo.
Os 58 cadetes que admitiram a falha vão agora cumprir um programa de reabilitação de seis meses e ficarão à prova durante o resto do tempo que estarão em West Point, de acordo com a imprensa norte-americana. Outros serão ouvidos em audiência por um painel de colegas que decidirá se serão penalizados ou expulsos.
Já alguns casos foram arquivados devido à falta de provas ou à desistência da carreira de alguns dos estudantes.
"Um cadete não mentirá, não enganará, não roubará nem tolerará aqueles que o fazem", diz o Código de Honra do Cadete, gravado em pedra num memorial em West Point, que chegou a expulsar alguns dos generais mais conhecidos da história dos EUA, como os rivais da guerra civil Ulysses S. Grant e Robert E. Lee e os comandantes da II Grande Guerra Mundial Douglas MacArthur e Dwight Eisenhower.
Tim Bakken, professor de direito em West Point, considera o escândalo uma questão de segurança nacional, lembrando que os cadetes de West Point vão tornar-se líderes dos quais depende a nação. "Contamos com os militares para nos dizerem honestamente quando devemos lutar na guerra e quando podemos vencê-la", sublinhou ao diário "USA Today".
Já a academia parece ter desvalorizado a fragilidade do sistema. "O sistema de honra em West Point é forte e está a funcionar conforme foi pensado", afirmou o superintendente da academia, o tenente-general Darryl Williams, num comunicado ao mesmo jornal. "Tomámos a decisão deliberada de manter os nossos padrões académicos durante a pandemia. Estamos a exigir aos cadetes esses padrões", acrescentou.
Também o secretário do Exército, Ryan McCarthy, disse que o sistema disciplinar de West Point é eficaz.
Este é o maior escândalo de fraude, desde 1976, a atingir a academia militar que fica cerca de 100 quilómetros a norte de Nova Iorque. Naquela altura, 153 cadetes foram expulsos ou desistiram por copiarem num exame de engenharia eletrónica. A maioria dos estudantes foi, no entanto, posteriormente readmitida, num processo de reclamações contra a forma como a investigação foi conduzida.